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Honda CR-V 1.6 i-DTEC: Dualidade de critérios

A Honda deu ao CR-V mais uma motorização, que passa a marcar a entrada da gama Diesel do SUV japonês. Falo do 1.6 i-DTEC, que, ao abrigo da tecnologia Earth Dreams da marca nipónica, é capaz de oferecer 120 cv de potência ao mesmo tempo que mantém as emissões de CO2 abaixo dos 120 g/km (anuncia 119 g/km), exactamente 1 g abaixo do patamar que faria com que subisse no escalão de impostos, tanto na altura da compra como anualmente no IUC.

Por fora nada denuncia que estamos perante o mais “pequeno” dos motores Diesel, estreado no Civic, mantendo-se a boa estética do SUV da Honda, tanto por fora como por dentro. Como seria de esperar, a funcionalidade está em alta no CR-V, com dois ecrãs para informações (um no interior do velocímetro e outro na parte superior do painel de instrumentos), comandos no volante e um verdadeiro cockpit orientado para o condutor. Os materiais escolhidos são agradáveis ao tacto, a qualidade de construção é muito elevada e o espaço interior é um dos mais amplos e melhor organizados que tenho visto ultimamente. A posição ideal de condução acha-se facilmente e os pequenos objectos que trago habitualmente nos bolsos encontram poiso sem ter de procurar muito.  Quanto a tecnologia, destaque para a leitura de CD e mp3 por parte do sistema de som, bem como para a presença de entradas Aux e USB no apoio de braços, assim como uma tomada de 12 volt, bastante útil para ter sempre o telemóvel carregado sem que os cabos atrapalhem.

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Apesar do amplo espaço na dianteira, quem viaja atrás tem também muito espaço para se instalar confortavelmente, mesmo que viaje no lugar do meio, que costuma ser mais acanhado. Destaque ainda para a ampla abertura das portas traseiras, que me permitiu instalar com facilidade o meu pequeno infante na sua cadeira sem grandes malabarismos. Ele agradece e as minhas costas também.

Com uma das maiores bagageiras do segmento, o CR-V oferece nada mais nada menos do que 589 litros de capacidade com todos os bancos colocados na sua posição normal, valor que pode subir até aos 1669 litros através do rebatimento do banco traseiro (60/40), o que pode ser feito com grande facilidade através de um comando, disponível no habitáculo ou na bagageira. Com apenas um movimento a base rebate e as costas seguem-lhe o exemplo, criando uma superfície plana para o carregamento de todas as bagagens de que se lembre.

Tecidas que estão todas as considerações funcionais e estéticas, vamos ao que interessa, saber qual o valor desta motorização mais amiga do ambiente. Assim que rodo a chave retiro a minha primeira conclusão: este motor é extremamente silencioso e está quase isento de vibrações, algo que ainda não é tão normal quanto isso numa motorização Diesel. Apesar de não ser o seu elemento de eleição, o CR-V lida bem com as incidências da condução urbana, fruto de uma direcção suave e precisa e de uma capacidade de manobra muito boa, ainda que adorne um pouco nas curvas mais pronunciadas, algo que decorrerá naturalmente dos seus 1685 mm de altura. Caso dê de caras com uma manobra mais complicada, os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, bem como uma câmara de auxílio à marcha-atrás, estão lá para dar uma “mãozinha”.

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A resposta do motor é linear e não compromete, ainda que isso implique, em algumas situações de maior esforço e com a lotação completa, um maior trabalho com a alavanca da caixa manual de seis relações. Tanto na cidade como forra dela, onde me desloquei para a sessão fotográfica. Em terrenos mais inóspitos vem ao de cima o carácter pouco TT deste SUV de tracção dianteira, que se porta bem em estradões de terra batida, mas que não vai muito mais além disso. Ainda assim, não impede que se desloque por trajectos fora-de-estrada. É preciso é saber escolher qual o melhor caminho a seguir.

Com todas estas voltas também queria ver até que ponto o valor médio de consumo anunciado pela Honda para este CR-V variava. E varia. Bastante. Nunca fiquei abaixo dos 5,9 l/100 km, mais 1,4 l/100 km do que o anunciado. É verdade que andei (literalmente) por montes e vales, mas esperava que o computador de bordo anunciasse um valor mais baixo, talvez perto dos 5,5 l/100 km, uma vez que é cerca de 116 kg mais leve que a variante de 2,2 litros e conta com os préstimos da função ECO Assist, que ilumina o velocímetro a verde ou azul consoante o nosso estilo de condução seja mais ou menos ecológico; do botão ECON (localizado à esquerda do volante), quando pressionado, torna o ar condicionado mais eficiente, reduzindo assim a carga no motor; e ainda com sistema start/stop. Ainda assim, a verdade é que a autonomia deste CR-V ronda os 1000 km, um valor a ter em conta numa altura em que sabemos que os combustíveis vão subir (ainda) mais.

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Um automóvel totalmente vocacionado para a família, basta atentar na quantidade de sistemas de segurança presentes (controlo de tracção e estabilidade, ABS, paragem de emergência, airbags dianteiros, laterais e de cortina, e encostos de cabeça activos, para citar apenas alguns), o CR-V revela uma boa dualidade de critérios, conseguindo, ao mesmo tempo ser um automóvel competente em cidade e capaz de realizar grandes viagens com conforto e sem um peso demasiado elevado na carteira. A vertente TT é a que sofre mais, é verdade, mas é mais do que suficiente para circular à vontade por estradões de terra batida e ir fazer um piquenique no topo da montanha… desde que esta não seja muito íngreme, claro. Para os mais aventureiros a marca japonesa oferece uma motorização Diesel de tracção integral, mas é dez mil euros mais cara…
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MotorPrestações
TipoQuatro cilindros em linha, DieselVelocidade Máxima182 km/h
Capacidade1597 ccAceleração (0-100 km/h)11,2 s
Potência120 cv (4000 rpm)Consumos (litros/100 km)
Binário300 Nm (2000 rpm)Urbano (anunciado)4,8
TransmissãoExtra-urbano (anunciado)4,3
TracçãoDianteiraCombinado (anunciada)4,5
CaixaManual de seis velocidadesEmissões CO2119 g/km
ChassisPreço
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.)4570 / 1820 / 1685 mmValor base€33 600
Peso1541 kgValor viatura testada€34 150
Bagageira589 litrosI.U.C.€141,47

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