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Mazda 6 SW Excellence 2.2 SKYACTIV-D 175 – À escolha do freguês

Vou-vos contar um segredo, o Mazda 6, na sua actual geração com design KODO e Filosofia tecnológica SKYACTIV foi a minha primeira apresentação internacional, que decorreu na zona da península de Troia, e onde tive a oportunidade de falar pessoalmente com os responsáveis pelo desenvolvimento daquele que foi o primeiro modelo da recuperação milagrosa da Mazda, através dos já referidos “pergaminhos” (KODO e SKYACTIV).

Tudo isto se passou já em 2012, e a realidade é que apesar do Mazda 6 já não ser propriamente uma novidade, a marca japonesa tem-no sabido manter actualizado através da introdução de diversas alterações. Este ensaio serve exactamente para isso, para determinar se essas alterações permitem manter o actual Mazda 6 como uma alternativa para quem procura um automóvel (ou carrinha, neste caso em particular) elegante, eficaz, confortável, espaçoso e recheado de equipamento por um preço bastante apelativo.

Começando pelo início, tal como disse anteriormente, as linhas desta carrinha Mazda 6 são bastante elegantes, indo ao encontro da filosofia de design KODO (“Alma do Movimento” em Japonês), sendo as linhas de todos os modelos da actual geração Mazda inspirados em movimentos da natureza, com a utilização de linhas suaves e fluídas, algo que acaba por contribuir para um efeito aerodinâmico importante, isto sem contar com a presença que este Mazda 6 tem, particularmente em movimento.

No caso da carrinha, parece que está tudo ainda mais fluído, sendo ainda (apesar dos 4 anos de vida) uma das carrinhas mais bonitas e elegantes do mercado, sendo bastante distinta dos rivais germânicos com as suas linhas mais angulares. Indo para o interior encontramos um dos locais onde eu, na altura do lançamento, fui mais crítico, em particular pelo sistema de infoentretenimento, pela colocação do mesmo, a moldura usada (com plásticos que nada tinham a ver com os restantes do tablier e da consola central) e a própria actuação do mesmo.

Felizmente a Mazda soube renovar o sistema, e este é, actualmente, um dos mais intuitivos e fáceis de usar, existindo agora a possibilidade de interacção com os dedos através do ecrã táctil, do comando giratório HMI (Human Machine Interface) colocado junto ao comando do travão de mão, e através dos comandos no volante, que permitem a activação do comando por voz, que recebe instruções em Português, ao contrário de alguns fabricantes premium que ainda não conseguiram activar essa funcionalidade na língua de Camões.

Este sistema é complementado pelo sistema de Head-Up Display da Mazda, designado de Active Driving Display, que curiosamente, e ao contrário de outros fabricantes, já se encontra integrado em toda a gama de veículos da marca. Deixando agora de parte a descrição dos pontos fulcrais desta gama (ignorando a motorização, naturalmente), vamos aos pontos que me levaram à realização desse ensaio, determinar qual das versões é a melhor escolha, a versão com caixa manual de seis velocidades e tracção dianteira, ou a versão com caixa automática com tracção AWD (All-Wheel-Drive – tracção às quatro rodas).

Independentemtne da escolha, ambas as versões vieram equipadas com a motorização diesel de topo da Mazda, o 2.2 SKYACTIV-D de 175cv e 420Nm de binário máximo, permitindo assim uma comparação mais correcta e eficaz. Como seria de prever, a segunda opção sofre em dois pontos particulares, no peso e na redução da capacidade do depósito, de 62 para 52 litros, o que logo à partida poderá ser um elemento a considerar. O primeiro ponto negativo, o peso, acaba por se ressentir nos consumos e emissões, estando a Mazda a anunciar mais 0,8 litros por cada 100km, ou seja, de 4,6 l/100km para 5,4 l/100km entre as versões, o que corresponde a um aumento nas emissões de CO2 de 121g/km para 143g/km, uma diferença que na actual tabela de tributação não faz qualquer efeito, pagando qualquer uma das versões 250,61 euros de IUC (Imposto Único de Circulação).

Em termos de desempenho, existe igualmente um diferencial importante, sendo talvez ainda mais significativo face à questão dos consumos, como o exemplo da velocidade máxima, que desde dos 221 km/h da versão de tracção dianteira com caixa manual para os 209 km/h para a versão AWD com caixa automática. Se a estes valores juntarmos as diferenças em termos de aceleração, como o simples tempo de arranque dos 0-100km/h, registamos valores como 8,0 segundos para a primeira versão e 9,1 segundos para a segunda.

Deixando de parte os valores teóricos, entra agora as diferenças pressentidas entre as duas variantes. Em termos de aceleração pura, a versão mais leve, com tracção dianteira, foi sempre o modelo que melhor demonstrou estar à vontade para acelerar, uma vez que a outra versão junta diversos elementos que acabam por prejudicar neste ponto, como a actuação mais lenta da caixa automática (que apesar de muito melhorada, recorre a um sistema de conversor de binário) e o peso do sistema AWD. Apesar da diferença ser notória se andarmos constantemente com o pedal de acelerador a fundo, numa utilização quotidiana essas diferenças acabam por se diluir e quase passar despercebido.

Infelizmente o que não passa despercebido são as diferenças de consumos, sendo este bem maior que os valores anunciados pelo fabricante. Esqueça os valores anunciados e aponte para valores que superam os dois litros por cada 100km entre as duas versões, em condições similares, nos mesmos percursos e com o mesmo tipo de condução. Até agora, a questão da caixa de velocidades, por muito mérito que os engenheiros da Mazda tenham e mereçam pelo trabalho realizado a torna-la mais rápida, esta continua a ser uma opção menos interessante que a eficaz caixa manual.

Quanto ao sistema AWD, aqui a situação poderá mudar de figura, pois embora a carrinha equipada com este sistema fosse mais lenta, se pudesse ter realizado voltas cronometradas a um circuito improvisado, acredito plenamente que, embora mais lenta a acelerar, a versão AWD rodas teria sido mais rápida devido aos ganhos de tracção nas curvas. A sensação de confiança que esta versão transmitiu (usando a caixa automática em modo manual) foi bem maior que a versão de tração dianteira, algo que poderá ser ainda mais notório com o tempo mais chuvoso, e aqui talvez tenha encontrado um elemento interessante.

O problema é que a Mazda não dispõe de uma versão do Mazda 6 com AWD e caixa manual, senão aqui eu teria encontrado a minha combinação perfeita. Com este pequeno comparativo, quero aqui revelar que, mesmo com bom tempo, um bom sistema de tracção às quatro rodas será sempre um bom investimento, especialmente para quem pretende estar mais seguro para qualquer imprevisto que lhe possa surgir na estrada. Só é pena que esta solução esteja limitada à caixa automática, o que faz com que o conjunto acabe por ser significativamente penalizado, tanto pelo peso, como pela perda de desempenho e no aumento dos consumos. Agora cabe-lhe a si decidir qual a sua prioridade, o conforto e segurança da caixa automática com sistema AWD, ou os menores consumos e a poupança de 5295 euros se optar pela versão com caixa manual?

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MotorPrestações
TipoQuatro cilindros em linhaVelocidade Máxima221 / 209 km/h
Capacidade2191 ccAceleração (0-100 km/h)8,0 / 9,1 s
Potência175 cv (4500 rpm)Consumos (litros/100 km)
Binário420 Nm (2000 rpm)Urbano (anunciado)5,7 / 6,4
TransmissãoExtra-urbano (anunciado)4,0 / 4,9
TracçãoDianteira / IntegralCombinado (anunciada)4,6 / 5,4
CaixaManual de seis velocidades / Automática de seis velocidadesEmissões CO2121 / 143 g/km
ChassisPreço
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.)4805 / 1840 / 1480 mmValor base€42 497 / 51 392
Peso1410 / 1485 kgValor viatura testada€42 897 / 51 792
Bagageira520 – 1642 litrosI.U.C.€250,61

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