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Renault Espace dCi 160 Initiale Paris – Reinventar a fórmula original

A Renault Espace é, não só para mim como para o próprio mercado, um automóvel muito especial, pois marcou o nascimento de um novo segmento, o dos monovolumes, quando foi lançada em 1984 pela Renault. Mas, o mais curioso da história deste modelo, é que este nem foi originalmente desenvolvido pela Renault, tendo o projecto inicial sido desenvolvido nos anos 70 pela Chrysler UK, que envolveu a Simca e Talbot, tendo posteriormente passando pelo grupo PSA (que na altura adquiriu e extinguiu ambas as marcas), abandonando o projecto, por falta de dinheiro para investir, oferecendo-o à Matra, que por sua vez, o entregou à Renault.

Dá para imaginar os tempos conturbados daquela época. Mas isso não impediu de a Renault pegar num projecto que utilizava um chassis em aço galvanizado, um corpo em fibra de vidro e uma enorme superfície vidrada, que deixava vislumbrar um amplo interior, que se destacava pelo espaço e conforto a bordo. Depois de lançada, demorou algum tempo até conquistar mercado, mas ao longo de três gerações de muito sucesso, que chegaram a incentivar outros fabricantes automóveis a investir no segmento, como foi o caso do Grupo Volkswagen e a Ford, que criaram a fábrica AutoEuropa, em Palmela, para a criação da VW Sharan e Ford Galaxy.

Com a chegada da quarta geração, em 2002, o conceito começa a perder o fôlego das anteriores em termos de vendas, o que obrigou a que a quinta geração, esta actual lançada em 2014, tivesse que usar uma nova fórmula. Como tal, a Renault aproveitou elementos da Aliança Renault-Nissan, como a plataforma modular CMF C/D (a mesma do Renault Talisman e Mégane), adaptando o tradicional formato de monovolume ao de um Crossover, criando assim um híbrido que vá ao encontro das necessidades de quem procura um crossover de 7 lugares, mas verdadeiramente espaçoso e versátil.

Nesta versão que utilizámos para ensaio, a versão Initiale Paris topo de gama, encontrará todos os elementos e detalhes que Laurens van der Acker tentou passar para este modelo, como a dianteira com as linhas actuais da marca, com o grande logotipo da marca ao centro da grelha, diversas lâminas horizontais cromadas, que fluem com as ópticas dianteiras Full LED, que conferem um visual muito atraente e dinâmico, marcando uma elegante presença a circular na estrada. Atrás predominam as luzes LED, que criam um efeito em L, visualmente muito atraente, e que reforça igualmente o visual deste modelo.

Claro que toda essa elegância também se deve às dimensões da Espace, que embora mantenha o comprimento (4,85m) e a largura (1,87m) da Grand Espace, vê a sua altura diminuir dos 1,82m para 1,68m, ao mesmo tempo que se vê a superfície vidrada reduzir a sua altura, a linha de cintura subir e o tejadilho a contribuir para um visual quase coupé, que acaba por prejudicar a altura do interior para os lugares traseiros. Mas só em termos comparativos, pois as alturas dos lugares da segunda fila ainda têm espaço mais do que suficiente para transportar três adultos de forma confortável. O mesmo não se pode dizer dos lugares da terceira fila, que só são recomendáveis a adultos para trajectos curtos, embora estes sejam feitos em grande estilo e conforto, graças aos bancos em pele desta versão Initiale Paris.

Por usar a mesma plataforma que o Talisman e o Mégane, é de prever a existência das mesmas soluções tecnológicas destes modelos na Espace, como o sistema Multi-Sense, que permite transformar inúmeros parâmetros do veículo (comportamento do motor, caixa, direcção, suspensão, etc), ajustando a iluminação ambiente (cor e brilho) de acordo com o modo de condução. Igualmente presente está o sistema de infoentretenimento R-Link 2, com um enorme ecrã táctil de 8,7 polegadas que permite controlar todo o tipo de parâmetros, deste o rádio, sistema multimédia, navegação, climatização, modos de condução, ajustas à condução, entre outros.

Tudo isto associado a um interior atraente e agradável, não só visualmente como em termos de tacto e qualidade, de onde se destaca a pele a forrar a zona superior do tablier, das portas e de outros elementos, revelando uma melhoria substancial face ao modelo anterior. Contudo, permanecem ainda alguns plásticos mais rígidos na secção inferior do tablier e da consola central. Se tivéssemos que enumerar a principal crítica ao interior, este seria sobre a falta de espaços de arrumação nas zonas superiores, embora existam espaços na zona inferior da consola central, que devido à sua disposição, poderá levar a que muitos objectos acabem por ficar lá perdidos.

Graças ao recurso da plataforma CMF C/D, a nova Espace consegue ser até 250 kg mais leve que a anterior, situação que transforma a condução deste novo modelo, tornando-o mais próximo ao de um crossover tradicional, em vez das pesadas monovolumes do passado. Isto associado a uma eficaz e confortável suspensão, e ao brilhante sistema 4Control (quatro rodas direcionais) permite gerar um comportamento surpreendentemente ágil, ainda para mais nesta associação de motorização 1.6 dCi biturbo de 160 cavalos com a caixa EDC de dupla embraiagem. Esta caixa poderá ter um comportamento por vezes estranho, mas o resultado global representa a associação perfeita para uma condução descontraída com este motor e esta carroçaria. Se preferir algo mais dinâmico, a Renault tem na gama Mégane modelos bem mais interessantes.

Ficha Técnica

MotorPrestações
TipoQuatro cilindros em linhaVelocidade Máxima202 km/h
Capacidade1598 ccAceleração (0-100 km/h)9,9 s
Potência160 cv (4000 rpm)Consumos (litros/100 km)
Binário380 Nm (1750 rpm)Urbano (anunciado)5,0
TransmissãoExtra-urbano (anunciado)4,4
TracçãoDianteiraCombinado (anunciada)4,6
CaixaDupla Embraiagem de seis velocidadesEmissões CO2120 g/km
ChassisPreço
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.)4857 / 1888 / 1677 mmValor base€54 380
Peso1659 kgValor viatura testada€54 380
Bagageira240 / 2040 litrosI.U.C.€143.17