A história é quase sempre a mesma: jovem tira a carta e pensa logo em comprar um automóvel desportivo, coupé ou cabrio de preferência. Jovem compra esse automóvel e passeia-se para agradar às jovens. Jovem encontra uma namorada e dá bom uso à totalidade de bancos do dito automóvel. Jovens casam-se. Jovens têm o primeiro filho e o automóvel desportivo deixa de ser prioritário: porque não tem espaço para a parafernália necessária ao bebé, porque gasta muito e é preciso poupar, porque não é seguro o bastante e a nova vida tem de ser protegida a todo o custo. Jovem vai, cabisbaixo, ao concessionário adquirir um novo automóvel…
Sei do que falo porque já me encontrei na situação descrita acima. No entanto, a tradição já não é o que era (como dizia o anúncio há alguns anos) e foi com agrado que constatei que este Alfa Romeo Giulietta consegue aliar uma excelente prestação familiar a uma performance desportiva digna de registo.
As linhas exteriores fazem jus à tradição de design italiano, com um aspecto que não deixa ninguém indiferente à sua passagem, para o que concorrem as duas saídas de escape cromadas na traseira, a imponente grelha dianteira característica destes modelos italianos, as luzes diurnas por LED e os também característicos grupos ópticos posteriores. Apesar do seu aspecto de coupé (os puxadores das portas traseiras estão escondidos nos pilares C), o espaço é mais do que suficiente para poder transportar toda a família, ainda que haja algumas concessões a fazer no espaço para as cabeças dos ocupantes do banco traseiro. A bagageira, com 350 litros de capacidade, é suficiente para que se transportem o carrinho, as roupas, as fraldas, os cremes, enfim, o essencial para podermos sair com o novo membro da família para uma rápida visita ao supermercado. Nota negativa para o acesso à bagageira, que é algo elevado, o que é comum encontrarmos num modelo com estas características mas que torna mais difícil a tarefa de carregar e descarregar os pertences da criança e as compras que acabámos de fazer.
Uma boa posição de condução alcança-se com facilidade, graças às muitas regulações disponíveis e ao apoio lateral de bom nível, bem como ao apoio lombar, de regulação eléctrica, algo que dará muito jeito mais à frente. Colocada a cadeira de transporte com recurso ao sistema ISOFIX, dou ordem de marcha ao motor de dois litros que anima esta proposta e regulo o selector de modo de condução, o Alfa DNA, na posição “N”, de Normal, para conseguir um bom equilíbrio entre a prestação do motor, a segurança e os consumos, que se quedam, nestas condições, pelos 5,9 l/100 km, um pouco acima do anunciado, mas nada que assuste num percurso exclusivamente urbano. Como estamos em pleno Verão não vale a pena olhar para o modo “A” (de All Weather), que privilegia a aderência em mau piso, mas espreito com gula o modo “D”, ainda que a minha consciência de recente pai não mo permita seleccionar… para já.
A resposta do motor é linear e sem grandes sobressaltos, da mesma forma que a suspensão garante um compromisso aceitável entre o conforto dos ocupantes e a reacção a curvas mais apertadas, algo a que me permito sabendo que o controlo de estabilidade e os seis airbags ajudam a uma maior segurança. Através da entrada USB é injectado no sistema de infoentretenimento que ocupa o centro do tablier o novo álbum do Panda, que felizmente é silenciado de quando em vez pelos comandos do sistema de navegação, também de série e operável através do ecrã táctil de 6,5 polegadas do sistema. Ainda no habitáculo, nota positiva para o trabalho feito pelos engenheiros italianos que conseguiram aumentar a insonorização, um garante de um sono retemperador para o pequeno infante durante a viagem. Uso os comandos no volante (de bom tamanho e com uma pega muito boa) para calar de vez o Panda e ouvir um pouco de música.
Chegados a casa e com todas as compras arrumadas, é altura de ir trabalhar. Desço a altura do banco, optimizo o apoio lombar, coloco o selector no modo Dynamic e faço-me à estrada. Este modo privilegia a performance e isso nota-se logo pelos 60 Nm de binário a mais face aos disponíveis no modo Normal (de 320 Nm/1500 rpm para 380 Nm/1750 rpm), o que garante arranques mais explosivos. Além disso, o sistema actua sobre a direcção, a suspensão, os travões, a caixa de velocidades e o controlo de tracção e estabilidade. O resultado é uma direcção mais directa e a suspensão ainda mais firme, transmitindo todas as irregularidades do piso sentidas pelas jantes de 17 polegadas forradas com pneus 205/55 directamente ao condutor. E nem quereria de forma diferente. A resposta do acelerador é muito rápida e as passagens de caixa tornam-se mais fluidas e velozes, ao mesmo tempo que noto que os sistemas de auxílio à condução se tornam mais permissivos, o que aumenta o gozo de uma condução empenhada quando sigo numa estrada secundária rumo ao local da sessão fotográfica.
Quando finalmente chego, desligo, a custo, este Giulietta, proposto no mercado luso por €33 000. É uma combinação agradável, esta que permite que tão depressa seja um pai de família dedicado como um “piloto” do dia-a-dia, tão depressa viaje sozinho e rapidamente, como siga de férias tranquilamente com a família e toda a bagagem. Talvez o final da história não tenha de ser sempre o mesmo e o jovem não precise de ir cabisbaixo ao concessionário…
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Motor | Prestações | ||
Tipo | 4 cilindros Diesel | Velocidade Máxima | 210 km/h |
Capacidade | 1956 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 8,8 s |
Potência | 150 cv | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 320 Nm (380 Nm em Dynamic) | Urbano (anunciado) | 5,0 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 3,7 | |
Tracção | Dianteira | Combinado (anunciado) | 4,2 |
Caixa | Mnual de 6 + m.a. | Emissões CO2 | 110 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4351 / 1798 / 1465 mm | Valor base | €33 000 |
Peso | 1320 kg | Valor viatura testada | €34 600 |
Bagageira | 350-1045 litros | I.U.C. | €216,37 |
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