BMW i3 EXA: Contas de cabeça

Zero emissões de CO2 e baixo custo energético são pontos a favor de um automóvel eléctrico, mas a autonomia diminuta põe-nos sempre a fazer contas de cabeça para ver se conseguimos chegar ao nosso destino. A autonomia de 190 km que a BMW anuncia para o i3 é mais do que suficiente para as deslocações diárias, mas e se pretendermos ir até ao Porto ou de férias para o Algarve? Para tentar solucionar este problema a BMW dotou o seu automóvel eléctrico de um extensor de autonomia, nascendo o i3 EXA. Por fora, apenas a abertura extra para o bocal do depósito de nove litros de gasolina que alimenta o motor “extra” marca a diferença para a versão 100% ecológica. No interior há fibras recicladas e madeira de eucalipto (proveniente de florestas com gestão responsável, claro), que envolve o painel de instrumentos, onde é peça central um ecrã de dimensões generosas, a partir do qual se comandam todas as funções do veículo. Nota negativa para o acesso aos lugares traseiros, por sinal bem espaçosos e ergonómicos. As “portas” traseiras, que até têm abertura “suicida”, só abrem se as dianteiras estiverem abertas, o que obriga a que seja sempre necessário o condutor ou passageiro da frente saírem para os ocupantes dos lugares traseiros poderem sair.

«Então, mas espera lá… Se tem um motor eléctrico e um a gasolina, não é um híbrido?», pergunta-se o caro leitor. É uma pergunta extremamente pertinente. E a resposta é: «Não». O BMW i3 EXA conta com um motor eléctrico de 170 cv que é o único responsável pela sua locomoção. Os 34 cv do motor de 650 cc a gasolina – que provém de uma moto – servem apenas para mover um gerador que alimenta as baterias de iões de lítio que, como já deve ter percebido, alimentam o motor eléctrico.

«Então isso quer dizer que agora já não tenho de me preocupar com a autonomia?» Bom, tem e não tem… É que a introdução deste novo motor, colocado por cima do eixo traseiro, e do seu depósito de combustível, aumentou o peso deste i3 em 120 kg e, curiosamente, a autonomia anunciada desceu 20 km, situando-se nos 170 km… se bem que eu nunca tenha chegado perto desses valores, mais pelos 130 km, mas também rolei sempre no modo Comfort, nunca no Eco PRO+, o mais ecológico, que limita a velocidade a 90 km/h e reduz ao mínimo o funcionamento do ar condicionado.

No entanto, estou pronto a ignorar este pequeno contratempo (posso sempre passar por uma bomba de gasolina) e o estranho funcionamento das portas (eu até vou à frente) e pressionar o botão que coloca em marcha este i3. Antes disso, e porque está calor, uso a app BMW i Remote para climatizar o meu i3 antes de entrar, ver a autonomia que me resta e accionar a buzina. Sim, accionar a buzina. As aplicações práticas para este comando não serão muitas, mas é divertido ver as pessoas a saltar de susto…

Já no interior do veículo, depois de me certificar de que a costa está livre, carrego no acelerador e obtenho uma boa resposta. A transmissão de variação contínua faz o seu dever e o i3 cumpre os 0-100 km/h em 7,9 segundos, a caminho de uma velocidade máxima electronicamente limitada a 150 km/h, para preservar a autonomia. Para o mesmo fim existe o recuperador de energia da travagem, que neste caso tem uma actuação muito forte e consegue até parar o veículo, sendo necessário ter constantemente pressionado o acelerador, nem que seja só para deixar o i3 “rolar”.

Enfim, esta variante i3 EXA continua a ser uma boa solução para o dia-a-dia, mas ainda não está evoluída o suficiente para ser uma verdadeira alternativa ao modelo 100% ecológico (este emite 13 g de CO2/km). É certo que o extensor é uma mais-valia nas viagens maiores, mas será que isso vale os 5000 euros que custa a mais? E não se esqueça do IUC… é que este modelo, como conta com um motor a gasolina, já está sujeito ao pagamento de IUC, que no caso é de quase cem euros.

Como uma vez disse António Guterres, “é fazer as contas”…

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