Numa altura em que se celebra a vitória do Sporting Clube de Portugal na conquista da Taça de Portugal 2015, decidi que estava na altura perfeita de publicar o ensaio do Peugeot mais radical em catálogo, o RCZ-R. Embora não sendo um adepto do clube leonino, sou claramente um adepto deste modelo, razão pelo qual, tal como muitos dos nossos leitores, fiquei triste com a notícia publicada no dia 22 de Abril, que anunciava a despedida do Peugeot RCZ, fruto das políticas de downsizing do grupo PSA até 2022.
Estas medidas vão obrigar a que a Peugeot reduza a sua lista de modelos dos actuais 26 para apenas 13, modelos estes que representam 95% do total das vendas da marca. Com esta redução, o grupo PSA espera assim melhorar significativamente a rentabilidade da marca de Sochaux.
Bom, voltando ao que interessa, o Peugeot RCZ-R. Como o nome dá a entender, a letra “R” no final só poderá significar uma coisa, que esta é a edição mais radical da marca, preparada especificamente pela Peugeot Sport. Esta é, alias, a primeira vez que a Peugeot Sport prepara um veículo de estrada, e como tal, as expectativas estavam muito altas.
Isto significa que poderá esperar encontrar no RCZ-R um chassis significativamente mais rígido, uma vez que utiliza molas frontais 10% mais rígidas, molas traseiras 44% mais rígidas, uma barra de anti-aproximação dianteira mais estreita e uma traseira mais rígida, bem como uma ligeira melhoria na distribuição de peso, do eixo frontal para o traseiro, fruto da redução de peso em 66kg face ao RCZ “normal” com 200cv.
Por se tratar de um veículo de tracção dianteira com 270cv, a Peugeot teve que recorrer a um diferencial mecânico Torsen, para garantir um comportamento mais previsível e equilibrado, embora equilibrado não seja a palavra correcta para descrever o RCZ-R. Recordo que os 270cv (e 330Nm de binário) são extraídos do “pequeno” quatro cilindros 1.6 THP, o mesmo que equipa os RCZ “normais” e que habitualmente conta com 156 e 200cv.
O resultado é um elegante coupé, de aspecto ainda mais agressivo, que atinge agora os 100km/h em apenas 5.9s (valor comprovado) e uma velocidade máxima de 235km/h, valor esse que não comprovámos, uma vez que não temos nem estradas nem maneira de contornar (legalmente) o valor máximo de velocidade nas nossas auto-estradas.
Ignorando o comportamento e o som mais grave do funcionamento do motor, este RCZ-R distingue-se essencialmente pela altura ao solo mais reduzida, em 10mm, pelas elegantes jantes de 19 polegadas que deixam transparecer as pinças de travão vermelhas de grandes dimensões, , pelo aileron traseiro fixo e pelo difusor traseiro, que aloja a dupla saída de escape simétrica, bem como as luzes escurecidas e os arcos de tejadilho em preto mate.
Internamente encontramos umas envolventes baquets desportivas em pele e alcantara, bem como diversos elementos no interior, como o tablier, em pele com pespontos em vermelho. Aqui no interior, e ao contrário do exterior, encontramos algumas contradições, como a utilização de um volante que, embora de desenho desportivo (como o fundo plano), deveria ser de menores dimensões (como no 208 GTI ou 308 GT), bem como o sistema de infoentretenimento já começa a revelar estar desactualizado face a soluções mais recentes da marca, isto sem contar com a inexistência de qualquer auxiliar ou modo adicional para acedermos à monitorização de parâmetros adicionais do motor (como temperatura do óleo, pressão do turbo, etc).
Tirando estes pormenores, o Peugeot RCZ-R revelou ser um puro desportivo indicado para quem gosta mesmo de andar nos limites, com um comportamento típico de um automóvel de competição (prepare-se, a suspensão é mesmo muito rígida em pisos maus), não fosse este preparado pela Peugeot Sport. Pena alguns elementos no interior serem demasiado semelhantes ao RCZ tradicional e não fazerem sentido num automóvel verdadeiramente desportivo como este.
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 235 km/h |
Capacidade | 1598 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 5,9 s |
Potência | 270 cv (6000 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 330 Nm (1900 rpm) | Urbano (anunciado) | 8,4 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 5,1 | |
Tracção | Dianteira | Combinado (anunciada) | 6,3 |
Caixa | Manual de seis velocidades | Emissões CO2 | 145 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4294 / 1850 / 1352 mm | Valor base | €44 580 |
Peso | 1355 kg | Valor viatura testada | €24 800 |
Bagageira | 384 / 760 litros | I.U.C. | €141.47 |
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