Quando testei pela primeira vez o Dacia Lodgy, em 2013, assisti ao lançamento de uma proposta que era, acima de tudo, sincera, ao oferecer tudo o que podia por um preço absolutamente fascinante. Como forma de repetir o sucesso obtido com o Sandero, que chegou a registar bastantes meses de tempo de espera para quem o encomendou, a Dacia decidiu repetir a fórmula no Lodgy.
Disponível com um preço superior em 400 euros face à versão mais equipada da gama Prestige, esta versão Stepway permite transformar o visual do simples monovolume num veículo (visualmente, volto a repetir) mais radical, com a aplicação de elementos habitualmente encontrados num SUV, como protecções interiores nos para-choques e nas laterais, barras de tejadilho e capas dos espelhos retrovisores em cinzento.
Estes elementos, em conjunto com o azul azurite garante um visual bem mais atraente, ao qual se juntam ainda os faróis de nevoeiro com moldura, jantes de liga leve de 16 polegadas e a obrigatória assinatura Stepway nas portas dianteiras. No interior, esta versão destaca-se pelo padrão dos estofos, bem como a inserção da cor azul metal em diversos elementos, como na moldura dos manómetros e nos pospontos dos estofos, volante e manete da caixa de velocidades.
Como é habitual com estas séries especiais, também este Lodgy conta com uma lista adicional de equipamento, como o cruise-control, limitador de velocidade, sensores de estacionamento traseiros e o sistema de infoentretenimento, fabricado pela LG e que conta com um eficiente ecrã táctil que nos dá acesso a funções como a reprodução de conteúdos multimédia ou navegação. Apesar de limitado nas suas funcionalidades, este acaba por ser bastante eficaz, pecando na prática pela sua localização, demasiado baixa, obrigando o condutor a ter que desviar o olhar da estrada para o usar.
No interior destaca-se o espaço disponível para os sete ocupantes, bem como a versatilidade existente, uma vez que é permitida a remoção da terceira fila de bancos, e o rebatimento total da segunda fila, ampliando assim os parcos 200 litros disponíveis na bagageira (quando os bancos estão todos ocupados) para uns impressionantes 2000 litros com todos os bancos rebatidos.
O facto de a Dacia ser o “parente pobre” do Grupo Renault significa que, apesar dos preços bastante atraentes, os seus veículos acabam por vir equipados com alguns elementos e materiais que em termos de qualidade e ergonomia estão alguns graus abaixo das soluções oferecidas pela própria Renault, razão pelo qual todo o habitáculo é composto por plásticos rígidos e os estofos não são propriamente os mais ergonómicos em termos de envolvência.
Veja-se o exemplo do encosto de braço, que além de uma espécie de bolsa que não fecha bem e deixa cair todos os objectos lá colocar quando levantamos o encosto, como o facto de o mesmo não permitir grande ajuste, impedindo o condutor de usar o travão de mão, ou de usar a manete da caixa de velocidades a não ser que tenha os braços bastante compridos ou consiga usar só com a ponta dos dedos (pouco recomendável).
O facto de a Dacia pertencer ao Grupo Renault permitiu à marca Romena usar as excelentes motorizações do fabricante francês, como o caso do conhecido bloco 1.5 dCi de 110cv aplicado neste Lodgy com a eficaz caixa manual de seis velocidades. O resultado é um motor que nunca revelou falta de força, permitindo ao mesmo tempo a realização de médias de consumos de combustível impressionantemente baixas, sendo raras as ocasiões em que este superou a casa dos 6l/100km.
Infelizmente, e como seria de prever, apesar de toda a disponibilidade do motor, o mesmo não se pode dizer do chassis, que não consegue tirar total partido deste. Andando com um ritmo mais veloz, são inúmeras as ocasiões em que sentimos o sistema de controlo de tracção a actuar, de forma exageradamente activa, pregando alguns sustos aos mais distraídos.
Se está a pensar em o desligar, esqueça, este veículo não foi feito para essas aventuras, e muito honestamente, nem para as restantes, pois apesar do visual radical, nem os pneus colaboram, nem a suspensão (que prima pelo conforto) dispõe de altura ao solo suficiente para grandes aventuras.
Contudo, e fazendo as contas no final, que outros veículos a gasóleo conhece que permitam o transporte de sete passageiros com espaço e conforto para todos (ignorando a bagagem) que tenha um preço abaixo dos vinte mil euros? Exacto, só outro Dacia Lodgy, uma vez que um Kia Carens ou um Nissan X-Trail custam (pelo menos) mais 10 mil euros.
Só com este argumento torna-se impossível apontarmos o dedo a qualquer um dos defeitos (que existem efectivamente) deste Lodgy Stepway, que, apesar de tudo, pelo seu visual e pelo equipamento extra oferecido de série, se acaba por tornar na versão mais atraente do monovolume da Dacia.
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 177 km/h |
Capacidade | 1461 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 11,6 s |
Potência | 110 cv (4000 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 240 Nm (1750 rpm) | Urbano (anunciado) | 4,4 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 3,8 | |
Tracção | Dianteira | Combinado (anunciada) | 4,0 |
Caixa | Manual de seis velocidades | Emissões CO2 | 105 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4522 / 1767 / 1605 mm | Valor base | €19 480 |
Peso | 1205 kg | Valor viatura testada | €19 920 |
Bagageira | 207 – 1861 litros | I.U.C. | €142,12 |
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