Uma pick-up com quase cinco metros e meio de comprimento numa cidade como Lisboa. Já está a imaginar o guião de um filme de terror, especialmente se tivermos em conta a infindável lista de obras ainda por concluir na cidade, o estacionamento bárbaro em ruas minúsculas e a falta de civismo numa época que deveria ser marcada por boa disposição, amor ao próximo e espírito natalício, mas na realidade se tivermos um acidente, nem uma fotografia para ser publicada nas redes sociais teremos direito.
O Natal em Lisboa, este ano, mais do que sempre, está a transformar as pessoas em condutores amargos que se estão completamente a borrifar para o próximo. É doloroso, mas é a mais pura das realidades. Isto, só por si, torna um ensaio de um veículo como a nova Toyota Hilux em algo… bem… complicado, para ser meigo. Felizmente que existem sítios deslumbrantes próximo de Lisboa, como a zona da Serra de Sintra, costa do Estoril ou a Serra da Arrábida, onde esta Hilux brilhou, como seria de esperar.
Já durante a apresentação nacional, a fazer todo-o-terreno em corta-fogos na zona das praias do Município de Grândola, esta Hilux foi simplesmente fenomenal, mas em cidade a situação muda de figura. A única solução é tornarmo-nos agressivos, sendo esta a única maneira para que qualquer condutor, mesmo aqueles com a atitude mais parva do planeta, acabam por ceder perante a imponência da frente da nova Hilux, especialmente nesta versão Lazer com a grelha cromada, que intensifica o visual deste modelo.
Falando em concreto do modelo em ensaio, a Toyota Hilux é um ícone no mercado, com quase 50 anos de vida (a última geração durou 11 anos), sendo esta a oitava geração da Pick-Up líder de mercado em Portugal e na Europa. Mais larga, mais sólida e rígida, esta Hilux recebe importantes reforços estruturais que permitem aumentar a capacidade de reboque para 3200 kg de carga para modelos de cabine dupla, como este modelo testado, ou 3500 kg para modelos com cabine simples e extra. A estrutura do compartimento de carga permite o transporte de 14 caixas standard, com um peso máximo de uma tonelada. Perfeito para as compras de Natal de algumas famílias…
Pelas características indicadas, rapidamente poderá associar a Hilux a um veículo de trabalho, sendo fundamental, para tal, que utilize uma motorização que se caracteriza pela elevada força disponível. Para tal, a Toyota desenvolveu uma nova motorização de 2.4 litros de quatro cilindros em linha sobrealimentado, substituindo a anterior motorização 2.5. Esta nova motorização permite, graças à aplicação do aditivo AdBlue, suportar as normas Euro6, sem que isso influencie negativamente o seu desempenho, razão pelo qual oferece 150 cavalos de potência e uns sempre agradáveis 400 Nm de binário, ou seja, força bruta para carregar com toda a sua carga.
Associado a uma caixa manual de seis velocidades (neste caso em concreto) ou automática, igualmente de seis velocidades, esta motorização pode ainda trabalhar apenas com o eixo dianteiro, ou com os dois eixos, na versão 4×4 como aqui testada. Poderá, através de um comando colocado junto aos comandos da climatização, manter a tracção nas rodas traseiras, ou com as quatro rodas, tanto em modo “normal” como em modo “altas”, activando as redutoras, bem como bloquear o diferencial traseiro, permitindo assim compensar a falta de aderência em certos percursos, como nas aventuras todo-o-terreno, como as que realizei.
Apesar das suas capacidades enquanto ferramenta de trabalho ou de aventura, é impressionante o refinamento e a qualidade dos materiais, bem como o desenho do interior, que se revela surpreendentemente agradável, mesmo para quem só está habituado a viaturas ligeiras de passageiros, especialmente nesta versão de cabine dupla. É certo que em cabine simples, os lugares traseiros são inacessíveis, bem como nas cabines extra, que permite o transporte de duas pessoas, embora só seja recomendável o uso destes lugares em percursos curtos.
Porém, neste modelo em concreto de cabine dupla, a Hilux surpreende pelo conforto e soluções utilizadas, desde o painel de instrumentos moderno com ecrã central colorido para a visualização das funções do computador de bordo, ar condicionado, vidros eléctricos, modos de condução (Power e ECO) e o sistema de infoentretenimento, composto pelo conhecido Toyota Touch 2, com ecrã táctil de 7 polegadas, com navegação e acesso a aplicações online. Nem câmara traseira foi esquecida, estando esta integrada de forma impecável e discreta no puxador de abertura da tampa da mala.
Ficha Técnica
Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 170 km/h |
Capacidade | 2393 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 13,23 s |
Potência | 150 cv (3600 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 400 Nm (1600 rpm) | Urbano (anunciado) | 8,2 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 6,3 | |
Tracção | Integral 4×4 | Combinado (anunciada) | 7,0 |
Caixa | Manual de 6 velocidades | Emissões CO2 | 185 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 5330 / 1855 / 1815 mm | Valor base | €25 000 |
Peso | 2200 kg | Valor viatura testada | €39 750 |
Bagageira | 1030 litros | I.U.C. | €367.82 |