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Polestar 4: conduzimos o SUV coupé da marca sueca que diz ‘olá’ às câmaras e ‘adeus’ ao espelho retrovisor

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Há uma coisa de que a Polestar não pode ser acusada: lançar automóveis marcantes com inovações tecnológicas que, mal ou bem, inauguram novas formas de condução.

Depois de, há já alguns anos, termos testado o Polestar 2, aventurámo-nos num dos outros dois modelos da marca sueca que estão à venda em Portugal. De dimensões exageradas (são dois metros de largura e quase cinco de comprimento), o Polestar 4 tem um impacto visual musculado e agressivo, principalmente pela frente, onde se destacam as ópticas que se assemelham a lâminas e das duas nervuras no capot, que elevam as margens.

No interior domina um ambiente mais tranquilo, muito ao estilo lounge, onde impera a filosofia minimalista da marca – a ideia que fica é de um ambiente sofisticado, embora haja alguns detalhes que não nos caíram no goto: por exemplo, a consola central tem um design em ponte pouco prático.

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É bastante difícil o acesso às áreas de arrumação inferiores, já que o banco não deixa que o braço aceda a esta zona de forma simples – ficámos sempre “presos” cada vez que tentámos tirar ou colocar um objecto, aqui – foi preciso usar algum contorncionismo.

Fora esta falha, a arrumação no habitáculo está bem pensada, com compartimentos generosos ao centro, suportes retrácteis para copos e um espaço de carregamento sem fios para o smartphone, que o mantém longe da nossa vista. Atrás, os passageiros têm à disposição um ecrã táctil para controlar a climatização, o aquecimento dos bancos, as luzes interiores e até a playlist.

Uma coisa é certa: atrás, é onde este SUV mostra que está a jogar alto no campo do conforto. Se fizermos descer o apoio de braços traseiro, ficamos com uma bandeja, um suporte para copos/garrafas retráctil e controlos para regular a inclinação do apoio de costas. Este é mesmo um dos automóveis com mais espaço e confortáveis que experimentámos nos últimos tempos, mas o ideal é levar apenas duas pessoas atrás.

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O principal elemento disruptivo deste SUV é o facto de não haver vidro traseiro, o que faz com que seja impossível usar um retrovisor convencional. Para contornar isto, o Polestar 4 tem um ecrã no lugar do espelho, que recebe um feed em “directo” de uma câmara colocada no tejadilho.

Esta solução obriga, quase, a reaprender a conduzir, pois não é natural para quem passou uma vida a confiar um simples e eficaz retrovisor. Não conseguimos perceber de imediato se o automóvel que vem atrás está muito próximo ou suficientemente afastado, pois não temos uma referência visual analógica.

Além disso, perde-se o contacto visual com os passageiros traseiros, um ponto crítico para famílias com crianças pequenas. Uma segunda câmara interior poderia colmatar esta lacuna, talvez localizada no tecto. A Polestar compensa isto com mais de duas mãos cheias de sensores/câmaras que nos dão uma “radiografia” completa do que acontece ao redor do SUV.

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A abordagem minimalista da marca reflecte-se, obviamente, na ausência de botões físicos, com a excepção de um controlo rotativo para o volume de som, que permite pausar e retomar a reprodução de música. Um dos outros únicos sobreviventes é o botão dos ‘quatro piscas’, relegado para o tecto.

Não há, ainda, controlos dedicados para os médios e mínimos, dado que a manete esquerda do volante apenas serve para activar os máximos e os piscas, que são persistentes e requerem um toque extra para os desativar. Do lado direito, encontra-se o selector de marcha, que evita a fórmula de um comando na consola central – não é a nossa preferência, mas também não há nada de mal que possamos apontar.

Já o painel de instrumentos tem as dimensões certas e exibe informações essenciais como autonomia, capacidade da bateria e uma representação da estrada, com um modelo gráfico do Polestar e dos outros veículos. Os botões do volante, no entanto, são um pouco duros, mas a marca compensa isto com zonas sensíveis ao toque para a seleçcão de opções.

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Na nossa experiência com o ecrã central, este nem sempre respondeu de forma fluída ao toque, obrigando a alguns toques-extra para executar comandos. Outro ponto menos positivo é a necessidade de autorizar manualmente o Apple Car Play sempre que se entra no Polestar 4, algo que deveria acontecer automaticamente.

Depois, a interface poderia ser mais intuitiva, com ícones maiores e menos texto, embora os menus tenham ilustrações e animações explicativas que ajudam a perceber rapidamente as opções disponíveis. Aqui, podemos ainda seleccionar uma cor ambiente relacionada com os planetas do sistema solar (ou com o próprio Sol), uma opção estética que serve muito para impressionar amigos.

O facto de o Polestar dispensar uma conjunto de botões físicos, significa que 99% das funções, desde a regulação dos espelhos ao desbloqueio de alertas ou até mesmo à abertura do porta-luvas, têm de ser feitas através do ecrã táctil. Para facilitar o acesso aos comandos mais frequentes, há um ecrã de atalhos onde podemos agrupá-los conforme a necessidade.

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Em condução, a experiência no Polestar 3 varia consoante as configurações escolhidas. O menu respectivo permite ajustar a direcção para ser mais firme ou leve, a suspensão para um comportamento mais ágil ou confortável, e o modo “one pedal” para três níveis diferentes de travagem regenerativa. Também é possível activar ou desactivar o ‘Controlo Eletrónico de Estabilidade’ e optimizar o consumo de energia para melhor desempenho ou maior autonomia.

A versão ensaiada do Polestar 4 foi a mais cara da gama, reforçada com vários extras e que nos chegou às mãos com uma autonomia de cerca de 490 km: a Long Range Dual Motor. A marca juntou-lhe ainda os packs Performance e Plus, que adicionaram mais dez mil euros à conta final deste modelo.

Assim, ficámos com uma versão topo de gama, dominada por jantes de 22 polegadas, travões Brembo e cintos de segurança em amarelo, um sistema de som Harman Kardon e faróis pixel LED, entre outros extras. O resultado foi uma configuração de 85 mil euros.

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Com um estilo sofisticado e uma abordagem tecnológica agridoce (não conseguimos ultrapassar a solução encontrada para substituir o retrovisor), o Polestar 4 tem espaço para algumas melhorias numa próxima versão. Há, assim, detalhes que podem ser melhorados para uma experiência de condução mais intuitiva e prática.

Ainda assim, este SUV eléctrico pode impressionar (não só pelas dimensões e design) quem anda à procura de um modelo mais premium e queira uma alternativa às marcas mais convencionais.

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