Grandland Hybrid GS: conduzimos o confortável SUV da Opel que é uma “montra” para a nova imagem da marca

O Opel Grandland Hybrid GS nem parece o típico automóvel híbrido: no painel de instrumentos não há (quase) nada que nos leve a crer que este automóvel tem duas caras.
Normalmente, os modelos híbridos têm uma qualquer indicação que nos mostra a sua “dualidade motora”: geralmente, há um gráfico bem destacado com uma animação do automóvel e onde se vê a relação entre o que o motor dá à bateria e o que a bateria dá ao motor.
Ora, neste Grandland, nada disto acontece: no painel de instrumentos temos apenas uma pequena barra (e não está sempre visível) que vai resvalando para a direita ou para a esquerda, consoante estejamos a carregar a bateria ou não.
Contudo, sentimos falta de saber mais sobre esta relação, para termos uma ideia mais clara da preponderância da energia eléctrica no desempenho do Grandland. Sinceramente, assim, a ideia que fica é que este modelo é apenas a gasolina, sem qualquer intervenção da parte híbrida no processo.

O design é algo a que a Opel tem prestado uma atenção especial nos últimos tempos: a marca tem adoptado uma linguagem nova, centrada no conceito Vizor, e este SUV foi um dos primeiros a adoptá-la. À frente, o destaque vai para o logótipo da Opel embutido num painel escurecido tipo “vitrina”.
Atrás, o nome da marca, em 3D, surge igualmente integrado num painel iluminado, dando um efeito surpreendente e distinto, sobretudo à noite. Em baixo, fica a gravação do modelo na chapa, mais discreta e que passa despercebida — vemos claramente que o foco é a marca e não o modelo.
A bagageira é generosa e o habitáculo segue a tendência dos últimos SUV testados: uma atmosfera semelhante a uma sala de estar sobre rodas. A sensação de termos muito espaço é evidente, tanto à frente como atrás, o que mais uma vez mereceu elogios dos amigos que nos acompanharam no teste.

O interior aposta numa combinação de tecidos com detalhes em imitação de fibra de carbono, um misto entre o desportivo e o familiar. Atrás, há um apoio de braços central com porta-copos duplo, base para tablet ou smartphone, saídas de ar, dois compartimentos entre os bancos traseiros, duas portas USB-C e uma tomada de 12 V.
Tudo está bem dimensionado e apresentado — aqui, é impossível apontar uma falha ao Grandland. Nota ainda para um sistema competente da Focal e para o tejadilho panorâmico, que ajuda a reforçar a sensação de que este SUV tem espaço de sobra, ao mesmo tempo que, claro, dá mais luminosidade ao interior.
À frente, destacam-se dois pormenores de design funcional. Um tem que ver com as saídas de ar direccionadas ao passageiro e ao condutor: em vez de ficarem no tablier, foram remetidas para as portas. Esta opção é, no mínimo, curiosa: qual foi a última vez que viu saídas de ar neste local?

O outro está na zona onde se guarda o smartphone: uma caixa com tampa deslizante tipo “Tupperware” que oculta o dispositivo mesmo quando aberta, o que impede distracções ao volante de forma total — afinal, é para isso que lá está o CarPlay e o Android Auto.
Esta caixa tem um painel translúcido que deixa ver a luz verde da bandeja Qi quando está activa — parecia-nos um ecrã, mas afinal é apenas um plástico bem dissimulado. Ainda nesta zona, temos um pequeno compartimento para guardar pequenos objectos e duas portas USB-C muito convenientes.
Por baixo desta zona, o Grandland oferece uma área de arrumos com tomada de 12 V e um design em ponte, um recurso que não nos cansamos de criticar — e, mais uma vez, mal conseguido neste SUV: o acesso é difícil, a posição demasiado recuada e baixa e o banco, que esconde parte do acesso, complica ainda mais a sua utilização. Entre os automóveis recentes que testámos com este tipo de estrutura, este foi mesmo o mais complicado de usar.

Voltando à parte superior, percebemos que a consola central se centra nos comandos principais: selector de marcha ‘PRND’ com modo manual, travão electrónico e botão de selecção de modo de condução. Há também uma zona de porta-copos ajustável com divisórias móveis e um alçapão refrigerado para arrumação adicional, o que pode ser muito útil para manter aquela garrafa de água fresca durante uma viagem longa.
O ecrã do sistema de infoentretenimento destaca-se por ser bastante esguio (são 16 polegadas, mas com apenas 12 cm de altura para 43 de largura) e pela quantidade de informação visível ao mesmo tempo. O ecrã inicial inclui navegação, aquecimento dos bancos, atalhos para apps, multimédia e outras opções como estações de rádio, qualidade do ar e até um relógio analógico, tudo personalizável q.b.
Em ambos os lados do ecrã há comandos permanentes para o AC, e por baixo, dez botões físicos que facilitam o acesso às funções de AC — há, assim, o clássico equilíbrio entre o digital e o analógico. Mantêm-se também os botões ‘Home’ e o que mostra um ícone de um automóvel, com acesso directo aos sistemas de assistência à condução (ADAS), como já é tradição na Opel. Felizmente, o tom dos alertas é discreto e não incomoda muito.

O painel de instrumentos segue uma lógica semelhante: tem um formato panorâmico, com visual minimalista e sem os tradicionais velocímetros e conta-rotações circulares. Em vez disso, o Grandland mostra um contador numérico e um gráfico horizontal, respectivamente, o que pode ser demasiado estilizado e minimalista para os mais puristas.
Para alternar entre diversas informações (consumo, RPM, navegação, música ou ecrã limpo) usamos um botão que fica na manete das luzes, à esquerda. O volante tem bom tacto e os comandos estão bem posicionados: cruise control à esquerda e multimédia à direita. No entanto, a ausência de separadores físicos nos botões pareceu-nos algo confusa.
No que respeita à condução, é ágil, sobretudo em modo ‘Standard’, com direcção leve e boa capacidade de manobra em cidade. No ‘Sport’, a resposta ao acelerador ganha vida, como seria de esperar, com um ligeiro “kick” ao arrancar, mas a caixa de velocidades revela-se algo lenta nas passagens.

Este Opel apresentou-se para testes com um motor 1.2 turbo a gasolina, associado a um sistema híbrido ligeiro (o chamado ‘mild-hybrid’) de 48 V: o total são 136 cavalos. Com uma autonomia anunciada de cerca de 700 km, o Grandland Hybrid GS ficou um pouco longe dos consumos anunciados pela marca, que estão nos 5,4 l/100 km: no nosso teste, percorremos 245 km com um consumo médio de 7,5 l/100 km.
Na versão ensaiada, com a cor Cinzento Grafik (extra de 650 euros), o SUV da marca alemã ronda os 35 mil euros. Somando tudo, estamos perante um modelo equilibrado, bem equipado e com um design que marca pela diferença, especialmente à noite, onde o design Vizor do logo e do nome da marca em 3D acabam por roubar as atenções.
O conforto e espaço interior estão num bom nível, a experiência de condução é agradável e o cockpit tem um toque futurista que já conhecíamos do Astra GS. Ainda assim, há pormenores de ergonomia a rever, como o compartimento de arrumos inferior e os botões do volante.