Kauai EV Premium 49 kWh MY24 TT: conduzimos o SUV da Hyundai que pisca o olho ao design dos IONIQ

O novo Hyundai Kauai é uma ruptura com o passado. O design aborrecido da geração anterior foi deixado para trás e deu lugar a um visual mais ousada, com detalhes inspirados nos modelos IONIQ.
Pode um automóvel ser o que não é? No caso do Kauai, sim, dado que este modelo, pelo design que a marca coreana adoptou em algumas partes da carroçaria, bem se podia designar algo como ‘IONIQ K.’ Na verdade, o Kauai deixou de ser o automóvel com um aspecto mais ou menos banal que era e passou a ser um modelo que mete respeito.
Um dos sinais mais claros dessa mudança está nas ópticas traseiras em estilo pixel, uma assinatura visual já conhecida dos IONIQ 5, 6 e, mais recentemente, do Inster. O resultado é um SUV com linhas e formato mais agressivo, visualmente imponente, com maior presença na estrada – aliás, já tínhamos tido esta sensação quando experimentámos o N Line, em 2024.

Também no interior há uma clara aproximação à família IONIQ. O volante inspira-se nos modelos mais futuristas da Hyundai, enquanto os dois ecrãs de 12,3 polegadas — painel de instrumentos e ecrã táctil de infoentretenimento — dão uma boa sensação de envolvência e imersividade. O selector de mudanças, por trás do volante, e a coluna de som posicionada à esquerda reforçam esta identidade e a aproximação aos IONIQ.
A disposição dos comandos segue uma lógica quase oposta ao minimalismo de modelos como o Xpeng G9, que conduzimos recentemente: aqui, a Hyundai aposta num verdadeiro “maximalismo funcional”. Debaixo do ecrã principal, há uma fila de oito botões físicos que dão acesso directo às principais funções do sistema de infoentretenimento — ‘Mapa’, ‘Home’ e ‘Media’, entre outros — incluindo um botão rotativo que também serve para sintonizar estações de rádio. Tudo muito simples e prático de usar.
Mais abaixo, temos um painel dedicado ao ar condicionado, com um pequeno ecrã monocromático que retira a atenção (e evita a sobrecarga) do ecrã principal, uma “separação de águas” que funciona bem e, na nossa opinião, não prejudica a interacção com o Kauai. Aliás, é possível, por exemplo, activar apenas as saídas de ar para o condutor ou sincronizar a climatização em todo o habitáculo, o que demonstra uma atenção ao detalhe da marca coreana.

Ainda mais abaixo, encontramos outro conjunto de botões físicos, onde se destaca o selector rotativo dos modos de condução: ‘Eco’, ‘Normal’, ‘Sport’ e ‘Snow’. Cada um destes activa uma animação breve no painel de instrumentos, com mudanças visuais subtis nos manómetros; contudo, gostávamos de que fosse mais expressiva e se reflectisse melhor no painel de instrumentos.
Se quisermos, também podemos optar por um visual mais clássico, com ponteiros digitais a lembrar os instrumentos analógicos, algo que só pode no ecrã do sistema de infoentretenimento. Em termos da forma como informação se apresenta, a disposição circular do conta-quilómetros à esquerda e o indicador de potência/regeneração à direita, com a autonomia sempre visível ao centro, facilitam muito a leitura em andamento. Já a percentagem de bateria aparece logo por baixo e a secção central pode ser personalizada para mostrar consumos, bússola ou posição na via.
Passando para o volante, tudo é igual, como seria de esperar, ao N Line: temos uma distribuição clara dos botões: à esquerda, os comandos de ajuda à condução e de navegação do painel de instrumentos; à direita, as opções de áudio e chamadas. Existe ainda um botão “Estrela” personalizável — no nosso caso, atribuímo-lo ao menu de segurança, para acesso rápido ao ecrã onde desligamos os alertas de velocidade, que podem tornar-se bastante aborrecidos de ouvir.

A interface do ecrã de infoentretenimento é a mesma que já conhecíamos de outros Hyundai: organizada por cartões, fluida e com boa resposta ao toque. No entanto, há áreas onde o excesso de texto prejudica a experiência, tornando a navegação menos intuitiva do que poderia ser – Numa próxima versão, gostávamos que a marca corrigisse este problema.
Já consola central é, provavelmente, um dos elementos mais bem conseguidos deste Kauai. Há espaço para tudo: uma bandeja para o telemóvel (embora sem carregamento por indução), duas entradas USB-C à frente (a que se juntam mais duas para os passageiros dos bancos de trás), uma tomada de 12V/180W e um compartimento generoso a meio com suportes de copos retrácteis.
Por baixo do apoio de braço temos um segundo espaço de arrumação e, levantando esse apoio, há ainda uma área discreta para objectos pequenos. O tabuleiro em frente ao passageiro acrescenta mais um ponto prático de arrumação.O conforto é outro dos trunfos deste modelo: atrás, há espaço suficiente para três passageiros e lugar para esticar as pernas. À frente, os bancos em tecido oferecem bom apoio lombar e conforto para viagens longas.

Em estrada, o comportamento do Kauai EV Premium é estável e silencioso, como seria de esperar de um eléctrico da marca coreana. A bateria de 49 kWh permite uma autonomia combinada de 377 km (segundo o ciclo WLTP), com uma autonomia urbana que pode chegar aos 512 km. Os consumos medidos durante o nosso ensaio ficaram nos 13,3 kWh/100 km, o consideramos bom para um SUV deste tipo. O carregamento rápido em corrente contínua pode atingir uma potência máxima de 74 kW.
Outro destaque vai para o sistema de regeneração ajustável através das patilhas atrás do volante, com quatro níveis distintos até ao modo i-Pedal Max. Conduzir com este sistema é natural após poucos minutos de adaptação e, em vários percursos urbanos, conseguimos evitar totalmente o uso do pedal de travão.
O preço da unidade ensaiada, Kauai EV Premium 49 kWh MY24 TT, (em preto com jantes de liga Leve de dezassete polegadas e pintura metalizada, um extra de mais 430 euros), fica nos 43 490 euros. O Hyundai Kauai EV Premium 49 kWh é uma proposta sólida e bem equipada no segmento dos eléctricos compactos, mas a marca já tem à venda versões MY25 e MY26, pelo que é preciso avaliar bem se ainda se justifica optar por este modelo mais antigo.

Ainda assim, por si, este Kauai junta design, tecnologia, conforto e eficiência, com pormenores de usabilidade muito bem pensados, mas peca por não incluir alguns elementos, como o carregamento por indução, que já consideramos básico nesta gama de preços.