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Mokka GSE Hybrid 136 cv: conduzimos o novo SUV compacto da Opel que se cansou de ser discreto (e ainda bem)

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O Mokka deixou de ter aquele ar tradicional de SUV, com um perfil mais alto; com a nova geração, a Opel tirou-lhe quase vinte centímetros e mudou completamente o design.

Em Fevereiro deste ano, a marca alemã anunciava uma autêntica (r)evolução do Mokka, o SUV estreado em 2012 no Salão Internacional do Automóvel de Genebra; a verdade é que, treze anos depois, este modelo está irreconhecível.

Em 2025, o Mokka chega com um visual assumidamente mais dinâmico e marcante, que deixa para trás a estética do início dos anos 2010: o aspecto de jipe foi trocado pelo de uma espécie de Opel Corsa mais alto e desportivo, como se a marca lhe tivesse dado uma injecção de SUV.

Aqui na versão híbrida de 136 cavalos (que já não está à venda, uma vez que a Opel apenas tem disponível uma de 145), o Mokka apresenta-se como um SUV compacto com linhas fortes e uma irreverência que a geração anterior não tinha.

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O aspecto é o de um modelo muito expressivo, com destaque para o nervo saliente que divide o capot em dois e que lhe dá um toque de “músculo” mais pronunciado. Para reforçar ainda mais esta transição entre gerações, temos um tejadilho em preto (de série), em contraste com a cor da carroçaria — no nosso caso, Azul Metalizado.

Podemos alargar esta dualidade ao capot, por mais 250 euros, sendo que o preto se mantém (sem custos) na grelha frontal Opel Vizor (a nova linguagem de design da marca que inclui os faróis e a grelha num só bloco, tal como acontece no Astra e no Grandland) e nas guardas dos pára-lamas. Já as jantes bi-cor de 18 polegadas, um opcional de 350 euros, completam um look que se aproxima muito do território desportivo.

O habitáculo segue o mesmo conceito de inclusão do Opel Visor: dois ecrãs integrados numa só unidade, com o de infoentretenimento (dez polegadas) ligeiramente voltado para o condutor, dão-lhe um aspecto de cockpit de nave espacial, que também já tínhamos notado no Astra.

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A interface continua simples, baseada em widgets, simples de usar, mas com alguma lentidão na passagem entre menus. Contudo, o grande destaque deste sistema continua a ser a forma como é fácil desligar os avisos ADAS. A Opel tem, aqui, uma das melhores abordagens do mercado.

Há, inclusive, uma forma de desligar tudo sem chegar a interagir com o ecrã táctil: basta manter pressionado o botão físico com o ícone do automóvel para desactivar, de uma só vez, o aviso de velocidade, o stop-start e o alerta de atenção ao condutor. Marcas como a BYD podiam aprender com esta solução.

A redução de altura entre o antigo e o novo Mokka também teve impacto no habitáculo: é um pouco claustrofóbico, embora os bancos (aqui, aquecidos e com estofos em Alcantara/polipele, um extra de 650 euros) sejam confortáveis o suficiente para viagens mais prolongadas. O Mokka mantém ainda vários botões físicos, com uma fila dedicada ao AC e aos comandos de aquecimento dos bancos e do volante, algo que continua a ser muito bem-vindo.

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Como é habitual, as unidades cedidas para teste vêm recheadas de muito equipamento, neste caso opcional: aqui acontece o contrário. A Opel podia simplificar as opções e seguir a abordagem chinesa, como acontece com a sua “vizinha” Leapmotor, onde está tudo incluído e quase não há opções.

Por exemplo, o Mokka ensaiado vinha com o Pack Tecnologia (1749,99 euros), com elementos que deveriam ser de série: sensores dianteiros e traseiros, o alerta de ângulo morto, os faróis Intelli-Lux Matrix ou a câmara traseira de 180 graus. O mesmo acontece com o Pack Navegação (549,99 euros), que adiciona essenciais como o carregador Qi, CarPlay e Android Auto sem fios e o próprio ecrã táctil de dez polegadas. Só aqui “torramos” mais 2300 euros.

Um dos pormenores que nos saltou à vista (ou melhor, ao ouvido) neste Mokka foi um recurso que, até agora, só tínhamos visto em eléctricos puros: um simulador sonoro para o ruído do motor, que só funciona no modo ‘Sport’, como que a reforçar a ambição desportiva que o novo design sugere.

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É precisamente neste modo que vale muito a pena conduzir este Mokka com um motor 1.2 e 100 kW de potência: a direcção ajusta-se para ficar mais dura e as acelerações são dignas de um EV. Contudo, em ‘Normal’, fica demasiado leve; aqui, este Opel é um automóvel de contrastes: por vezes, o acelerador parece demasiado suave e o travão algo duro, o que cria uma sensação menos homogénea que o esperado.

Sentimos ainda falta de controlar a travagem regenerativa, que não nos pareceu mudar muito tendo em conta o modo escolhido (há ainda o ‘Eco’): de tirarmos o pé do acelerador, o Mokka vai deslizando e, só quando vai a velocidades mais baixas, começa a acender as luzes traseiras do travão.

As patilhas do volante servem exclusivamente para a caixa, o que reforça a estética desportiva, mas que podiam ser igualmente configuradas para nivelar a travagem regenerativa. Falta também um ecrã mais dedicado à relação de energia consumida entre bateria e combustível, algo que ajudaria a gerir melhor a nossa condução.

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À falta disto, acabamos por depender apenas do painel de instrumentos, onde surge um gráfico simples do fluxo de energia, ou do botão da ponta da manete do limpa pára-brisas, para consultar consumos e a carga actual da bateria, em percentagem.

Com 4,8 l/100 km de consumo combinado anunciado, connosco, o Mokka Híbrido fez o dobro: 8,1, embora o tenhamos quase sempre conduzido em modo ‘Sport’, para fazer jus ao seu ADN. No fim de contas, este MHEV dá-nos um equilíbrio interessante (e, sobretudo, divertido) entre estilo, tecnologia e eficiência.

Tem personalidade e, se estivermos dispostos a pagar (o preço base é de 29 395,99 euros, para única versão disponível de 145 cv, mas com todos os extras, a unidade testada fica por 32 944,99 euros), pode vir muito bem equipado e destaca-se pela facilidade de interacção, sobretudo com os assistentes de condução. Para quem quiser mais que um Corsa, sem chegar aos SUV tradicionais como o Frontera ou o Grandland, o Mokka será a escolha a fazer.