Sealion 7 Excellence AWD: terminámos o ano de testes BYD com o seu melhor automóvel à venda em Portugal

Voltar ao Sealion 7 serviu para confirmar aquilo que já tinha ficado claro no ensaio publicado na Primavera: este é, sem dúvida, um dos automóveis do ano.
Com uma silhueta forte, dinâmica, bela e de linhas muito equilibradas à frente e atrás, este SUV coupé desportivo da BYD acaba por ser o melhor que a marca chinesa tem à venda em Portugal. No nosso top 3 estão ainda, o Dolphin Surf e o Seal: o primeiro, testado este ano, convenceu-nos a nível de design e diversão de condução: o segundo mantém-se como principal alternativa aos Tesla.
A versão Excellence AWD mantém-se como expoente máximo da proposta da BYD: falamos de um SUV com 4,8 metros de comprimento, tracção integral e uma potência total de 530 cavalos (390 kW), acompanhada por 690 Nm de binário. Os números metem respeito, tal como a velocidade máxima de 215 km/h, mas o mais relevante continua a ser a forma como tudo isto é “embrulhado”: com suavidade, segurança e uma sensação permanente de que há potência para puxar (muito) por este leão marinho do asfalto.

Mas, normalmente, o facto de termos um automóvel guloso nas mãos significa, invariavelmente, uma coisa: consumos altos. Com uma bateria de 91,3 kWh, a marca promete 502 km de autonomia em ciclo combinado e até 616 km em cidade. Os consumos oficiais apontam para 22 kWh/100 km em utilização mista e 17,9 kWh/100 km em urbano.
Números são números e há que ser directo: ficámos acima dos valores anunciados pela marca. Com cerca de 331 km percorridos e dois carregamentos pelo meio, concluímos o nosso ensaio com 25,8 kWh/100 km. Não podemos dizer que ficámos surpreendidos, pelo contrário: como já tínhamos percebido pelo primeiro teste, este é um automóvel que convida a andar depressa e com conforto, o que se paga, naturalmente, com a redução da autonomia real.
Visualmente, o Sealion 7 é um automóvel que impõe respeito: a silhueta “transpira” um ar musculado e distinto, nesta configuração, com jantes de liga leve de 20 polegadas, pinças de travão exclusivas em vermelho e uma presença em estrada que raramente passa despercebida. A cor de série é a Indigo Grey, com a Atlantis Grey (a nova cor do Dolphin) da unidade ensaiada a implicar um extra de 1550 euros.

No interior, a diferença da versão Excellence face à Comfort (apenas com 230 cavalos e preço a começar nos 46 926 euros) está nos bancos em pele, de série (aqui em Black) que elevam a percepção de qualidade, tal como o head-up display, que se revela especialmente útil em condução mais rápida, dado que nos mostra os dados realmente úteis (o painel de instrumentos continua a estar saturado de informação).
O restante equipamento mantém-se comum às duas versões: tecto panorâmico com cortina eléctrica, banco do condutor com ajuste eléctrico em oito posições, memória, ventilação, aquecimento e suporte lombar eléctrico, bancos traseiros aquecidos, sistema de purificação de ar PM2.5 e um sistema de som Dynaudio com doze altifalantes. A ideia que nos fica é que qualquer uma das duas versões vem muito bem equipada, com diferenças mínimas.
O ambiente tecnológico é, como se tornou habitual na BYD, dominado pelo ecrã táctil rotativo de 15,6 polegadas, agora sem o botão físico no volante para mudar a orientação como acontece noutros modelos. A rotação faz-se através de um comando digital na base do ecrã, uma solução menos directa. Em paralelo, o destaque vai para o carregador Qi de 50 W com ventilação, a que se junta a compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay.

Tal como já tínhamos escrito depois do primeiro contacto, o conjunto dos sistemas de assistência à condução é extremamente completo, mas nem sempre exemplares na forma como intervêm. A sensibilidade da câmara no pilar B, que monitoriza o condutor, é muito elevada, com alertas frequentes e incómodos por desvios de olhares banais. A lógica dos menus também continua a exigir paciência, embora os atalhos que podem ser configurados na gaveta que desliza a partir do topo do ecrã ajudem a tornar a sua desactivação mais simples.
No final, este segundo encontro com o BYD Sealion 7 Excellence AWD serviu menos para descobrir e mais para confirmar, em especial, que o conforto é um dos seus grandes trunfos, assim como a sensação de segurança e o nível de equipamento de série. Já a condução continua envolvente e agradável, tanto em auto-estrada como em estradas secundárias.
E perceber que, por 58 476 euros, a BYD oferece um SUV eléctrico que consegue, de facto, ser desportivo e familiar ao mesmo tempo. Por tudo isto, não fazia sentido terminar 2025 sem voltar a este modelo. O Sealion 7 não foi apenas um bom teste no momento certo; foi um daqueles automóveis que ficam na memória e que são uma das boas surpresas do ano.











