É Agosto, mês por excelência de férias e de praia. Por isso nada melhor do que seguir o conselho do Eça e dedicar-me à cidade e à serra. E com um companheiro que se revelou bastante competente para as duas ocasiões: o 500L, desta feita na sua variante Trekking, que se posiciona entre o Panda 4×4 e o Freemont no que aos modelos transalpinos com apetência TT diz respeito.
Esta variante Trekking apresenta alguns pormenores estéticos que a diferenciam de um 500L “normal”, e ainda bem. Os pára-choques foram revistos; o aspecto mais “duro” e agressivo é fruto da protecção da zona inferior da carroçaria e das entradas de ar laterais. Atrás apenas foi acrescentada uma protecção na zona inferior dos pára-choques e no acesso à bagageira. As protecções em plástico nas cavas das rodas e nas embaladeiras são um item obrigatório, tal como a suspensão sobrelevada, no caso em 13 mm, para melhor lidar com os caminhos mais tortuosos que se adivinham.
Antevendo já algumas horas de diversão e muito pó, entro e ocupo o melhor lugar do espaçoso habitáculo, o do condutor (nota positiva para o logo “500” nos encostos). A posição elevada (como se quer) é agradável e as várias regulações (incluindo a lombar, de accionamento eléctrico, um opcional bem agradável quando se sai do asfalto) ajudam a que rapidamente esteja confortável aos comandos deste 500L Trekking. Uso o pequeno ecrã táctil de cinco polegadas para aceder à faixa pretendida na pen USB onde guardo os meus vícios musicais actuais (há ainda uma ligação jack para leitores de música) e marco o destino no painel de navegação, da responsabilidade da TomTom, processo que me consome uns minutos devido à lentidão do sistema. Aproveito esse tempo para observar o interior de dois tons – preto brilhante e castanho – que adorna este 500L e ver as nuvens através do Skydome, assim chama a Fiat ao tecto panorâmico com abertura eléctrica que equipa o Trekking (também opcional e também um must-have).
O espaço disponível, ainda que com demasiados plásticos duros a orná-lo, dá bem para toda a família e os 412 litros de capacidade da bagageira dão para a bagagem mais comum. Caso necessite de mais, a capacidade expande-se até aos 1310 litros, o que se faz facilmente com o toque em apenas dois botões. Fácil é também o acesso, baixo o suficiente para as minhas costas não reclamarem de cada vez que preciso de colocar ou retirar alguma coisa.
Mas como estou sozinho e o que trago comigo cabe bem num dos dois porta-luvas do habitáculo, ponho de lado estas considerações e dou ordem de marcha ao motor de 1,6 litros Diesel com 105 cv de potência, que me responde de forma linear e honesta aos pedidos do pé direito. Facilmente rolo pela cidade (é Agosto, lembram-se?) e, não fosse o funcionamento menos bom do sistema Start/Stop, que obriga a que se carregue na embraiagem sem grandes pressas para que funcione, tudo seria perfeito. Esse problema resolve-se facilmente usando o botão que o desactiva e que se encontra no centro da consola central, junto ao botão City, que actua sobre a assistência da direcção para facilitar as manobras em cidade. Para o mesmo fim são oferecidos de série os sensores de estacionamento traseiro, como compensação por alguma falta de visibilidade nesta perspectiva.
A suspensão do 500L, mais apostada no conforto do que na eficácia, acorda-me destes pensamentos com alguns safanões originados pelos buracos e lombas constantes. Já não estou no asfalto. Sorrio e bato com a cabeça no tejadilho em mais um salto. Paro para me recompor e preparar para o que aí vem.
Já recomposto – e depois de baixar a altura do banco –, faço uso dos 320 Nm de binário máximo deste turbodiesel (disponíveis logo às 1750 rpm) para ganhar velocidade, ajudado também pela boa caixa manual de seis velocidades. Subo, desço, curvo e contracurvo, sem problemas de maior, excepto algum adornar da carroçaria e algumas situações em que o ESP ajuda a lidar com a “alegria” com que abordei curvas mais apertadas. Numa subida mais íngreme tiro da manga o meu Ás: o sistema Traction+. Accionável num botão na base da alavanca da caixa, usa os sensores do ESP e do ABS para detectar a roda que tem menos aderência, transferindo mais binário para a roda contrária, actuando como um bloqueio electrónico do diferencial e garantindo que chego ao topo sem problemas.
Depois de admirada a vista, regresso ao habitáculo, à cidade e ao trabalho, enquanto vou digerindo esta experiência e este automóvel. Um familiar com uma boa dose de audácia e que vale bem os €25 500 pedidos, a que se juntam, no caso da unidade ensaiada, quase mais €2000 em opcionais. O equipamento é generoso, tal como o espaço para pessoas e bagagens, e a resposta do motor é mais do que suficiente para as necessidades. E os consumos? Bem, o consumo médio anunciado é de 4,7 l/100 km. O que consegui? Um pouco mais, cerca de 6,5 l/100 km. Mas isso agora não interessa nada. Sacudo algum pó da roupa e meto a chave à porta. Querida, cheguei!
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cil. linha Diesel | Velocidade Máxima | 175km/h |
Capacidade | 1598 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 12 s |
Potência | 105 cv (3750 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 320 Nm (1750 rpm) | Urbano (anunciado) | 5,6 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 4,1 | |
Tracção | Dianteira | Combinado (anunciada) | 4,7 |
Caixa | Manual de seis velocidades | Emissões CO2 | 122 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4270 / 1800 / 1679 mm | Valor base | €25 550 |
Peso | 1440 kg | Valor viatura testada | €27 500 |
Bagageira | 412-1310 litros | I.U.C. | €174,58 |
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