No dia em que a Renault Portugal revela os resultados de 2017 (Renault com 20 anos de liderança histórica em Portugal) , onde conquistou a liderança do mercado nacional pelo 20º ano consecutivo, ficámos a saber que o Renault Clio voltou a ser, pelo quinto ano consecutivo o título de veículo mais vendido em Portugal. Como tal, nada melhor do que festejar este resultado com o ensaio à versão mais desejada (e a mais radical) da gama Clio, o brilhante Clio RS Trophy 220, um pequeno compacto capaz de atingir os 100 km/h em 6,6 segundos e os 235 km/h como velocidade máxima, ao mesmo tempo que consegue, estranhamente, realizar consumos abaixo dos 8,0 l/100km.
Já tinha tido o prazer de testar este modelo em pista, durante a apresentação internacional da actual geração Clio na região de Bordéus (Renault apresenta Clio, Clio R.S. e GT Line renovados em Bordéus), onde o mesmo revelou estar “em casa”, o Clio R.S. está disponível em duas versões distintas, a versão RS “tradicional” com 200 cavalos de potência, e o RS Trophy com 220 cavalos, a versão aqui testada. Esta versão destaca-se por ter recebido as devidas alterações pela Renault Sport para garantir que os defeitos sentidos pelo Clio RS 200 original (pré-restyling) sofreu não fossem replicados.
O resultado é um pequeno hatchback que se destaca por oferecer um comportamento dinâmico impressionante, graças à aplicação do tipo de chassis que reduz o rolamento da carroçaria em 10% face ao Clio RS 200, e 5% face à versão CUP (do mesmo RS 200). Para tal toda a suspensão foi revista, com a aplicação de amortecedores recalibrados, casquilhos em poliuretano maiores e mais firmes e molas atrás 40% mais rígidas. O resultado foi uma redução ao solo em 20mm à frente e 10 mm atrás, face ao Clio normal, sem prejudicar o conforto, dizem os responsáveis.
“LOL”, é a minha resposta oficial a esta afirmação, especialmente pelo facto de ainda incluir umas elegantes (mas pouco amigas dos rebordos de passeios) jantes de 18 polegadas. Não estou com isto a dizer que andar no Clio RS Trophy 220 seja desastroso, apenas algo penoso para os ocupantes, já que quem vai ao volante está-se literalmente a borrifar para o conforto, desde que se possa divertir e explorar correctamente tudo o que este pequeno canhão tem para dar. Falta referir que também a direcção é mais directa nesta versão Trophy, tornando mais rápida a actuação do carro ao nosso input na direcção.
Esqueci-me de referir que, à semelhança do anterior Clio RS Trophy, também esta versão calça os excelentes pneus Michelin Pilot Super Sport, que garantem um melhor comportamento que os anteriores Dunlop Sport Maxx, especialmente em piso molhado. Por fim, e para finalizar as mudanças face ao Clio RS normal, falta referir a presença de um sistema de escape específico desenvolvido pela Akrapovic, que consegue colmatar na perfeição a falta de deslumbramento sonoro do RS 200, face à banda sonora emitida pelo anterior 2.0 atmosférico da anterior geração. O resultado foi uma transformação de personalidade completa, e ainda bem.
Mas nem tudo é perfeito neste Clio RS Trophy 220, já que a Renault continua a insistir na utilização exclusiva de uma caixa EDC de dupla embraiagem. Não que a caixa seja desconfortável para uma utilização quotidiana, ou que não garanta uma redução significativa nos tempos de passagem de caixa, porém a mesma continua a ser demasiado hesitante e algo brusca quando tentamos explorar ao máximo as capacidades do motor. É certo que a Renault Sport conseguiu melhorar significativamente o seu desempenho, mas não há nada como utiliza-la em modo manual para colmatar as suas falhas, usando para tal as patilhas no volante.
De resto estamos perante um interior redesenhado, que recebeu uma melhoria significativa na qualidade dos materiais, uma pequena reorganização ergonómica dos comandos, especialmente em torno do sistema de infoentretenimento RS Monitor 2.0, que dispõe de menus específicos para conhecer todos os parâmetros da viatura. Os bancos continuam a oferecer um excelente apoio, sendo os mesmos acompanhados pelos sempre discretos cintos de segurança vermelhos, tanto à frente como atrás.
Externamente o renovado Clio RS Trophy recebe as novas ópticas Full LED, pára-choques desportivos com difusor redesenhado de forma a poder receber o já referido sistema de escape da Akrapovic, e à frente o inovador sistema de iluminação RS Vision em formato de bandeira de xadrez. Este sistema é composto por um conjunto de díodos LED aplicados num sistema multi-reflector, tendo como função agrupar as luzes de nevoeiro, iluminação no interior das curvas e servir de reforço na iluminação de médios e máximos. Uma solução curiosa, mas que não surpreende.
Ficha Técnica
Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 235 km/h |
Capacidade | 1618 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 6,6 s |
Potência | 220 cv (6050 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 260 Nm (2000 rpm) | Cidade (anunciado) | 7,6 |
Transmissão | Estrada (anunciado) | 5,1 | |
Tracção | Dianteira | Média (anunciada) | 5,9 |
Caixa | EDC de dupla embraiagem | Emissões Co2 | 135 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Alt. / Larg.) | 4062 / 1448 / 1732 mm | Valor base | €32 810 |
Peso | 1204 Kg | Valor viatura testada | €35 610 |
Bagageira | 300 litros | I.U.C. | €168.98 |