A electrificação da gama tem sido uma realidade para alguns fabricantes, como a Volvo, que desde 2014, com a chegada do seu SUV de grandes dimensões, o XC90, e a sua motorização híbrida T8 TwinEngine PHEV (Plug-In). Desde então temos assistido à disponibilização desta solução em outros modelos, como o XC60, XC40, V60 e S90 e V90. Se no caso dos SUV de maiores dimensões (XC90 e XC60) não fiquei totalmente convencido, o mesmo não se passou com o caso deste S90 que pude experimentar, talvez em parte devido à menor dimensão da viatura, e diferença de peso, que permitiu uma maior autonomia em modo eléctrico e melhores consumos, especialmente em viagens longas após a bateria ter esgotado.
Começando pelo essencial, o que diferencia este S90 T8 TwinEngine dos restantes Volvo S90 prende-se apenas com a colocação da tampa do bocal de carregamento da bateria, colocado no guarda-lamas dianteiro do lado do condutor, sendo externamente praticamente idêntico a qualquer outro S90. De resto, estamos perante um S90 equipado com o nível de equipamento R-Design, ou seja, conta com um visual mais desportivo que o habitual, como as elegantes jantes de liga leve de 19 polegadas, pára-choques desportivo com aberturas e grelha em preto brilhante, traseira com difusor e dupla saída de escape (apenas visual).
Também no interior as mudanças são igualmente imperceptíveis, com o habitáculo a ser novamente dominado pelo ecrã táctil de 9 polegadas do sistema de infoentretenimento, que tem como função gerir todo o tipo de parâmetros, tanto a nível de entretenimento, navegação, climatização e modos de condução. A qualidade de construção e dos materiais continua a ser elevadíssima, estando diversos elementos cobertos em pele, como o topo do tablier, e os apoios laterais dos bancos. Estes, felizmente, mantêm a tradição da Volvo em continuar a fabricar os bancos mais ergonómicos e confortáveis que conheço.
O espaço a bordo é igualmente outra realidade, especialmente neste S90, graças à elevada distância entre eixos, conforme pude constatar pelo feedback atribuído às diversas pessoas a quem dei boleia durante os dias do ensaio deste modelo. Curiosamente, e ao contrário de outros fabricantes rivais como a Mercedes-Benz e a BMW, o facto de se tratar de uma versão híbrida não implicou qualquer alteração no espaço disponibilizado pela bagageira, tendo esta 500 litros de capacidade, um valor bastante aceitável, mas de acesso algo dificultado devido às linhas exteriores deste modelo. Para tal, foi fundamental a colocação dos módulos de baterias numa posição mais central, razão pelo qual a consola central tem um compartimento de arrumação, por debaixo do apoio de braços dianteiro, tão limitado.
O que efectivamente diferencia este modelo está relacionado com a motorização utilizada, estando aqui presente um motor de quatro cilindros e dois litros de capacidade a gasolina, sendo este sobrealimentado por um compressor e um turbo, garantindo assim uma potência de 303 cavalos e 400 Nm de binário máximo aplicados no eixo dianteiro através da transmissão automática Geartronic de 8 velocidades. Já o motor eléctrico de 65 kW (87 cavalos) de potência e 240 Nm actua perante o eixo traseiro, conferindo assim uma espécie de tracção integral ao S90 quando utilizado o modo de condução Hybrid e Power, embora acabe por actuar sozinho quando utilizado o modo Pure.
Este motor tem a particularidade de ser alimentado por uma bateria com 11,6 kWh de capacidade, o suficiente para garantir até 50 km de autonomia, embora o valor mais real se aproxime dos 40 km devido à reduzida potência do motor eléctrico para deslocar uma carroçaria tão volumosa, com quase cinco metros de comprimento, e tão pesada (mais de 2.2 toneladas).
Em termos de condução, este S90 T8 TwinEngine revela-se como um brilhante estradista, especialmente se à equação adicionarmos a eficácia do sistema Pilot Assist de condução semi-autónoma, que mantém uma distância de segurança do veículo da frente, adaptando a velocidade, e mantendo o mesmo centrado na faixa de rodagem através de pequenos ajustes na direcção. Esta, curiosamente, é o elemento que merecia uma melhor afinação por parte da Volvo, para poder conferir ao condutor um maior feedback do que se está a passar.
Ficha Técnica
Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 250 km/h |
Capacidade | 1969 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 5,1 s |
Potência | 390 cv (6000 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 640Nm (2200 rpm) | Cidade (anunciado) | – |
Transmissão | Estrada (anunciado) | – | |
Tracção | Às quatro rodas (equivalente) | Média (anunciada) | 1,7 |
Caixa | Automática de oito velocidades | Emissões Co2 | 40g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Alt. / Larg.) | 4963 / 1443 / 2019 mm | Valor base | €76 775 |
Peso | 2230 Kg | Valor viatura testada | €79 708 |
Bagageira | 500 litros | I.U.C. | €204.21 |
Notas Finais
Gostámos
- Conforto
- Espaço a bordo
- Consumos
- Disponibilidade do motor
A rever
- Direcção pouco comunicativa
- Preço
Conclusão
7.9Esta foi, até ao momento, a melhor versão híbrida Plug-In da actual geração de veículos Volvo que testei, tendo sido possível de confirmar os valores de consumos anunciados pelo fabricante. Elegante, confortável e bastante espaçoso, só o preço poderá afastar os potenciais compradores, embora a Volvo tenha em vigor uma campanha para empresas e empresários, que permite tirar partido dos diversos benefícios dos veículos híbridos, tornando os quase 80 mil euros pedido por este modelo num valor significativamente inferior.