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Tonale PHEV Veloce 240 cv Q4: conduzimos o SUV híbrido da Alfa Romeo que só queria ser a gasolina (mas não sabe)

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Esta versão do Tonale chegou-nos às mãos depois de a marca ter dado um passo atrás no sentido de uma gama 100% EV, marcada para 2027. A gasolina é para continuar e, assim, este SUV vai continuar a viver no limbo.

O que é que acontece normalmente quando espetamos com uma motorização eléctrica num modelo que não tem nada a ver com este tipo de conceito? A resposta é relativamente simples: modelos como este Tonale 1.3 PHEV de 280 cavalos passam a carregar a responsabilidade de conjugar eficiência e emoção ao volante, dois valores que nem sempre convivem bem.

À primeira vista, este SUV de 4,5 metros de comprimento convence pelo estilo, com proporções equilibradas, linhas tensas e uma assinatura luminosa atrás e à frente que remete para modelos históricos da marca. Por exemplo, à frente, há algo que nos faz lembrar levemente o SZ ou o Montreal.

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É verdade que a plataforma é partilhada com o Jeep Compass, mas a identidade Alfa está presente em pormenores como o escudo central da dianteira (que não é estilizado como o do Junior Ibrida Speciale, mas sim o tradicional) e as pinças Brembo vermelhas, bem visíveis através das jantes diamantadas de 19 polegadas com cinco aberturas circulares. Ou seja, não há a sensação de fotocópia que tivemos quando conduzimos o Frontera, comparativamente ao Citroën C3 Aircross.

No exterior destacam-se, ainda, as vistosas duplas ponteiras de escape cromadas, cujo som parece ter sido trabalhado para acrescentar envolvência; quando estamos parados, com o motor a trabalhar, sente-se aquele ronronar, o que nos faz esquecer, por momentos, que estamos ao volante de um PHEV.

E é precisamente este o dilema que o Tonale também nos passa: temos a exigência de versatilidade e a eficiência que já são crónicas nos modelos actuais, mas deixa-nos na dúvida se esta é a verdadeira alma que deu ao mundo uma sólida e fiel legião de “alfistas”. Obrigatório, até porque não tem qualquer custo extra, será optar pelo tradicional vermelho Alfa, já que neste cinzento Vesúvio metalizado se perde o impacto visual do Tonale.

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No interior, o ambiente é marcadamente desportivo e elegante, com bancos em pele aquecidos e ventilados. Contudo, a dureza excessiva e o apoio lombar pouco ajustável fazem com que o conforto ao volante (de três raios, em pele) não seja o esperado para um modelo deste tipo.

O ADN desportivo continua na estrutura tubular do painel de instrumentos, baseado num ecrã digital TFT de 12,3 polegadas e nas patilhas metálicas fixas, para fazer mudanças de caixa. Contudo, estas têm dimensões exageradas e, assim, dificultam o acesso a comandos como os dos limpa-vidros ou da iluminação.

A consola central acolhe o selector Alfa DNA, que permite escolher entre três modos de condução: ‘Advanced Efficiency’, para uma utilização que privilegia a motorização eléctrica; ‘Normal’, que nos dá um equilíbrio entre potência e eficiência; e Dynamic, que “liberta” o lado mais desportivo do Tonale, com uma boa resposta imediata do acelerador e travagem regenerativa mais forte. Aqui, existe ainda a possibilidade de alterar a rigidez da suspensão, que fica desativada por defeito.

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Nesta zona, a Alfa Romeo podia ter outra abordagem para a zona da bandeja de carregamento sem fios (refrigerada); o modo como está colocada torna difícil inserir ou retirar smartphones de grandes dimensões. Depois, a arrumação disponível é escassa para um SUV deste tamanho: temos apenas dois suportes para garrafas de água e um compartimento sob o apoio de braço.

Ainda assim, a consola central inclui comandos úteis como o botão de volume (mais acessível ao passageiro), o travão electrónico e funções como o e-Save, que preserva a bateria, e o sistema de estacionamento automático. Outro ponto muito positivo é a presença de botões físicos intuitivos dedicados ao ar condicionado.

Passando para o sistema de infoentretenimento, o destaque é o menu ‘Desempenho’, com dados sobre a temperatura do óleo e da transmissão, carga da bateria, pressão do turbo e binário. Não há dúvida de que tudo o que nos é mostrado é útil (ou, no limite, curioso) mas a interface podia ser mais simples e intuitiva.

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Já no campo dos sistemas de segurança, os alertas sonoros são demasiado intrusivos e nem sempre acompanhados de uma indicação visual, o que nos provocou vários sustos – algumas vezes, ouvimos sinais estridentes sem saber o que tinha acontecido. Há um atalho que serve para desligar estes alertas, mas não funciona com todos; a solução é entrar no menu ‘Definições’ e desactivar os que quisermos, sempre que entramos no Tonale.

A Alfa Romeo diz que a autonomia eléctrica está em cerca de 65 km, algo que esgotámos rapidamente; depois disso, não carregámos o Tonale e ficámos dependentes da regeneração, que nos deu um máximo de 6 km adicionais. Mesmo sem acesso ao modo PHEV em pleno, os mais de 400 km que fizemos em cidade, estradas regionais e autoestrada resultaram em 6,5 l/100, consumos bastante próximos dos 5,3 l/100 km anunciados e bem abaixo do que esperávamos.

O equipamento deste Tonale Veloce incluiu o Pack Techno (mais dois mil euros), com condução autónoma de nível 2, sensores 360 e porta da bagageira eléctrica e sem mãos; e o Pack Premium Audio com sistema Harman/Kardon e bancos eléctricos com memória (1500 euros). O tecto de abrir (1700 euros), a pintura metalizada (mil euros) e o kit Fix&Go (cinquenta euros) completam o leque de extras na versão cedida pela marca, no valor de 6250 euros.

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Assim, este modelo em concreto acaba por ficar em 66 247,23 euros, já com despesas incluídas, a que acresce um IUC de 148 euros. Com rivais directos como o Audi Q3, o BMW X1 e o Volvo XC40 (embora não seja plug-in), o Tonale PHEV Veloce joga, sobretudo, as cartas do estilo e da emoção. É distinto (sobretudo em vermelho Alfa), eficiente e competente, e pode ser uma boa “vítima” do passo atrás da marca em ser 100% eléctrica em 2027.