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Polestar 2 Longe Range Single Motor MY26: conduzimos o eléctrico que redefine simplicidade e o minimalismo escandinavo

©Polestar | MY26©Polestar

O Polestar 2 está mais… Polestar. Foi esta a primeira sensação que tivemos quando vimos o aspecto exterior deste sedan eléctrico: lá dentro, a marca refinou o habitáculo pouco mas bem.

Se havia um Polestar que estava a precisar de um revamp, era este, até porque foi o primeiro a ser lançado em Portugal há já uns anos. Pode parecer pouco, mas a simples substituição da grelha aberta com formatos quadrangulares e um rebordo cromado (que lhe dava um ar muito datado) por uma fechada e clean, faz toda a diferença.

O resultado é, assim, um automóvel mais actual e mais em linha com os outros modelos da marca da estrela polar. Na traseira, tudo permanece sensivelmente igual, e ainda bem — as linhas já eram limpas e equilibradas, pelo que não havia necessidade de dar retoques.

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A MY26 é a versão que a marca anunciou em Abril, agora com 530 quilómetros de autonomia (é o valor indicado no painel de instrumentos, com 100% de carga); ainda assim, a Polestar garante que este modelo, em ciclo WLTP, chega aos 659 km. Nesta, a bateria tem 82 kWh e alimenta um motor de 220 kW, o equivalente a 299 cavalos, com 490 Nm de binário e capaz de fazer dos zero aos cem em 6,2 segundos.

A versão cedida pela Polestar, Long Range Single Motor, vinha equipada com jantes Aero de 19 polegadas, as de série, embora o modelo Performance receba agora um novo design de jantes forjadas de cinco raios e vinte polegadas — estas são mesmo as «mais leves de sempre» num Polestar 2.

Passando para o interior, o habitáculo mantém o ambiente minimalista característico da marca, dominado pelo tejadilho em vidro integral e pelo painel central vertical de 11,2 polegadas, que concentra praticamente todas as funções de infoentretenimento.

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Já o painel de instrumentos, de 12,3 polegadas, é um dos melhores que vimos este ano: gráficos simples, boa legibilidade e a possibilidade de termos um mapa em grandes dimensões ao centro. A disposição dos dados é lógica, agradável e o sistema Android Automotive OS — agora com processador Qualcomm Snapdragon — mostra-se rápido e fluido.

A Polestar sublinha que este novo chip melhora a experiência geral e a verdade é que isso se sente em cada toque e deslize do dedo para navegar entre menus. Grande parte da experiência a bordo anda à volta deste interface, que tem tanto de visualmente apelativo como de intuitivo. Este ano, nos quase quarenta automóveis que conduzimos, poucos (ou mesmo nenhum) chegam ao nível da Polestar.

Relativamente aos ajustes de condução, é possível configurar a sensação da direcção («Ligeira», «Normal» e «Firme»), activar o modo desportivo com controlo de estabilidade desligado, definir a resposta do One Pedal Drive (muito forte no nível máximo) ou ajustar o modo de marcha lenta. A lógica é a de um smartphone: menus claros, ícones grandes e descrições ilustradas para cada sistema.

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O menu «Assist.» apresenta oito cartões, um para cada função de ADAS (aliás, os sons de alerta são discretos e pouco intrusivos). Já no menu de carga, podemos definir a amperagem e o limite de carregamento, ou usar o sistema «Plug & Charge», que reconhece o automóvel assim que o cabo é ligado e processa o pagamento automaticamente através da aplicação.

Mudanças estéticas à parte, há pequenos pormenores que continuam a dar ao Polestar 2 uma identidade própria. Um deles é a forma de ligar o carro — ou melhor, de não ligar. Tal como na versão anterior, não temos um botão de ignição: basta abrir a porta, sentar, pisar o travão e escolher a marcha para o automóvel ficar pronto a seguir. No fim, basta carregar em «P» e sair; o carro desliga-se sozinho.

Uma das poucas falhas é a falta de arrumação na consola central: é pena haver apenas um porta-copos visível, dado que o outro está num sítio algo bizarro — é preciso levantar o apoio de braço para ter acesso. Aqui, normalmente, noutros automóveis, fica um compartimento generoso para guardar objectos, mas a Polestar, ao optar por este conceito, torna tudo pouco prático.

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A outra está no facto de não ser possível usar Android Auto e Apple CarPlay sem fios, uma decisão, aqui sim, incompreensível por parte da Polestar. Isto é algo possível, até, em automóveis de gama muito mais baixa, como o BYD Dolphin Surf ou o Citroën C3. Contudo, temos um carregador sem fios de 15 W e duas portas USB-C, tapadas por uma pequena tampa de borracha.

Isto acaba por não estar muito sintonizado com o ambiente premium do habitáculo, nesta versão dominado pelos acabamentos Black Ash Deco, de textura semelhante à madeira, combinados com os bancos revestidos em MicroTech bio-atribuído na cor Charcoal. Este material vegan, feito de vinil e poliéster reciclado, é suave, resistente e tem um padrão acolchoado agradável ao olho e às costas.

O Pack Plus (3500 euros), obrigatório para termos este setup, acrescenta o tecto panorâmico fixo, um sistema de som Harman Kardon Premium de 600 W e 13 altifalantes, bancos eléctricos dianteiros, purificação do ar e quatro portas USB-C — duas à frente e duas atrás.

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Em estrada, o Polestar 2 é um automóvel refinado e sólido. A direcção eléctrica pode ser ajustada para diferentes níveis de firmeza e essa afinação faz mesmo diferença na forma como o carro se comporta, sempre com uma sensação de precisão e controlo total. Durante o ensaio, percorremos 385 quilómetros com um consumo médio de 13,8 kWh/100 km — um valor muito bom para um veículo deste porte e potência.

O Polestar 2 continua a distinguir-se pelo ambiente de calma escandinava e qualidade, mas agora está muito melhor em termos de design exterior, onde a cor branca Snow fica a matar: custa 1300 euros, mas devia ser de série, pois é a que mais bem promove este modelo.

De forma geral, tirando as duas ou três falhas que já apontámos, tudo é muito intuitivo, bem pensado e funcional. O sistema de infoentretenimento não está entulhado de opções supérfluas nem complicações: é um automóvel que parece ter sido desenhado por quem realmente gosta de tecnologia e de conduzir em partes iguais. O preço começa nos 48 900 euros, mas com os extras desta versão que mencionámos, o valor sobe para 54 700 euros.