Encontro-o na rua e, depois das formalidades normais, surge a pergunta: “Então, que carro é que andas a testar agora?”. “Um Opel Astra”, digo, ouvindo logo de seguida um “Epá, nunca te tocam aqueles desportivos jeitosos… Andas com azar”. “É verdade, sou um desgraçado…” respondo enquanto tento disfarçar o riso trocista e saio de fininho, para apenas ser visto novamente pelo meu interlocutor a caminho de tentar bater os 7,9 segundos que a Opel anuncia precisar este Astra para atingir os 100 km/h (feito que não logrei alcançar…).
Mais tarde, recebo a sua chamada: – Olha lá, mas que raio de carro era aquele? Aquilo manda potência, pá…”. “Era o Astra que estou a ensaiar.” “A sério? Mas aquilo ia cá com uma pressa…” “Pois… É que, ao contrário do que estavas à espera, este é o Astra GTC que estreia o novo motor 1.6 Turbo da Opel. São nada mais nada menos que 200 cv debaixo do pé direito.”
“Mas o carro está diferente, é uma geração nova, é?” “Não, não é. Esta é a variante Black OPC Line, uma edição especial criada em exclusivo para o mercado português. As diferenças que notaste são os apontamentos que este GTC recebe da variante mais desportiva da gama Astra, como o pára-choques dianteiro, as saias laterais, o deflector traseiro e a dupla saída de escape. Para completar o bouquet, tanto as jantes como o tejadilho e mesmo as capas dos retrovisores e o contorno do deflector recebem uma pintura em preto…” “Ah, daí o nome Black.” “Tu és perspicaz…”
“E por dentro? Como é que é?” “Por dentro há também alguns apontamentos mais desportivos, como os bancos ao estilo bacquet e o volante e o punho da caixa de seis velocidades, que também são ‘emprestados’ pelo OPC. De resto, tudo com se esperaria num Astra comum. Boa qualidade nos materiais e acabamentos e aquela consola central que continua a ter demasiados botões. É chato porque torna-se pouco intuitiva de utilizar, mas há sempre a esperança de que venha a ser substituída em breve…”
“Então e aquilo anda ou quê?” “Anda e não é pouco, mas deixa-me que te diga que ainda antes de andar este GTC me convence. O som grave do motor é bem agradável, sem ser espalhafatoso ‘à la chuning’ e deixa logo perceber o que podes esperar dele. Uma entrega de potência vigorosa mas suave, sem grandes sobressaltos, que permite que o uses tanto no dia-a-dia como à noite, se tiveres, digamos… alguma pressa em atravessar a Ponte Vasco da Gama. Ou seja, não lhe falta pulmão, o que acaba por compensar alguma imprecisão da caixa de seis velocidades que o acompanha, o que é pena…” “
Ui, então isso só dá para andar nas horas… E deve beber uns litros valentes, certo?” “Por acaso… errado. E também certo. Eu explico. O motor é agradável de usar em ritmo de passeio e consegues ter sempre resposta ao acelerador, mesmo que estejas numa relação mais alta. Por isso não precisas de ir sempre no grito para conseguires boas prestações e para fazeres uma condução mais empenhada. Agora, não é fácil não andares depressa… é que o chassis deste GTC é muito bom, o que quase te obriga a abusar do acelerador. A aderência é perfeita e, com o sistema Flexride no modo Sport, direcção, acelerador e suspensão ficam mais reactivos…”
“A suspensão fica mais dura, é?” “Digamos que não vais querer passar por cima de nenhum buraco… fica mesmo durinha, durinha. Por isso, para o dia-a-dia, o modo Tour é o melhor. Em contrapartida, tudo se processa com facilidade e, mesmo que abuses das capacidades do automóvel, o controlo de estabilidade volta a pôr tudo no sítio. Infelizmente – foi aqui que acertaste –, o CTG bebe bem. Não é difícil veres o computador de bordo a marcar 12 l/100 km, às vezes mais, se tiveres dinheiro para isso… mas consegues andar perto dos 7 l/100 km se prestares atenção às indicações ECO e se mantiveres o sistema start/stop ligado”…
“Porreiro, pá… porreiro. E preço? Deve ser caro, não?” “Bom, sabes que isso de caro ou barato é sempre relativo. Esta versão Black OPC Line do GTC custa €30 800, embora aquele que viste tivesse instalados os sistemas Flexride, de navegação e de monitorização da pressão dos pneus, que aumentam o preço para os €32 500. A mim não me parece desajustado, tendo em conta o equipamento de série que oferece e as prestações.”
“Pois é, nem me lembrava disso… tem muito equipamento, é?” “Tem bastante, acho que não tenho saldo no telemóvel para te dar a lista completa… mas só para teres uma ideia, tem o novo sistema InteliLink, com um ecrã de sete polegadas, onde são exibidas as imagens da câmara de estacionamento, ligação bluetooth para o telefone; seis airbags; ABS e ESP; jantes de 18 polegadas; controlo automático das luzes e sensores de luz e chuva; cruise-control; ar condicionado bizona… enfim… muita coisa.”
“Epá, isso parece-me muito bom. Então e quando é que o devolves? Achas que posso dar uma voltinha contigo nisso?…” “Perdeste a oportunidade, meu amigo. Já está com o dono. Mas podes sempre ir a um concessionário marcar um test-drive…” “É pena, pá… é pena.
E quando sai o artigo para eu ler?”
“Ainda não escrevi…”
“E já tiveste alguma ideia de como o vais fazer?”
“Sou capaz de já ter pensado nalguma coisa… Abraço.”
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 230 km/h |
Capacidade | 1598 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 7,9 s |
Potência | 200 cv (4700 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 300 Nm (1750 rpm) | Urbano (anunciado) | 8,4 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 5,5 | |
Tracção | Dianteira | Combinado (anunciada) | 6,6 |
Caixa | Manual de 6 velocidades | Emissões CO2 | 154 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4466 / 1840 / 1482 mm | Valor base | €30 800 |
Peso | 1525 kg | Valor viatura testada | €32 500 |
Bagageira | 380 / 1165 litros | I.U.C. | €164,51 |
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