Segundo Jeremy Clarkson, famoso apresentador e jornalista da publicação britânica Top Gear, nenhum condutor pode considerar-se verdadeiramente Homem se nunca teve a oportunidade de conduzir um Alfa Romeo. Se perguntar a um adepto de Audi ou BMW, rapidamente lhe dirão que esta afirmação é… parva, e que comprar um Alfa Romeo em vez de um automóvel alemão é o mesmo que comprar uma vassoura para a usar como uma calçadeira… Ela lá terá o seu uso, mas nunca o pretendido.
Ok, vou deixar de usar comparações absurdas e de tentar imitar o grande Clarkson, simplesmente porque embora seja um tipo com alguma piada (dizem), falta-me aquela costela britânica de humor sarcástico no qual os tipos da Top Gear Britânica são peritos. Voltando ao que interessa, desta vez tive, finalmente, o prazer de conduzir um Alfa Romeo, e, segundo Clarkson, já me posso considerar um Homem.
Pena que a experiência não tenha sido assim tão gratificante, pois embora a ergonomia não seja a melhor, tenha encontrado mais falhas do que esperaria e os consumos… bem… adiante, a realidade é que de vez em quando lá olhei para o espelho e descobri um sorriso na cara. Ok, afinal não foi assim tão mau, e talvez seja esta a essência de um Alfa Romeo, a de no meio do absurdo conseguirmos encontrar pontos que nos façam gostar verdadeiramente do carro, um pouco como aquele amigo que todos temos que sabemos que é bom rapaz, desde que ele não abra a boca (aqui na redacção temos um claro exemplo disso).
Neste caso em concreto, o Alfa Romeo escolhido foi o novo MiTo Quadrifoglio Verde, um modelo que tenta representar os valores de outros tempos em termos de desempenho e prestígio (convém lembrar alguns leitores menos informados que a Alfa Romeo, no início do século passado, ganhava todas as provas de Fórmula 1 onde participava). O trevo de quatro folhas começou a ser uma presença constante nos modelos especiais da Alfa, muito por culpa de Ugo Sivocci, que a partir de 1923 passou a pintar o simbolo da boa sorte no seu Alfa Romeo RL.
Como tal, é de esperar encontrar neste MiTo Quadrifoglio um automóvel especial e diferente, podendo isso ser imediatamente observado pelo exterior, uma vez que temos um automóvel muito bonito e com elementos que o tornam ainda mais impressionante, como as ópticas com fundo negro, a dupla saída de escape e as jantes de liga leve de 17 polegadas que deixam transparecer o sistema de travagem de alto desempenho.
Se por fora tudo corre bem, por dentro as coisas mudam de figura, daí que embora o interior continue a ser atraente, este já não se revela tão prático quanto isso, especialmente no que toca ao acesso para os lugares traseiros. Mesmo para os ocupantes dos lugares dianteiros, por muito bonitas que sejam as baquets da Sabelt (extra de €2500) com estrutura em fibra de carbono, estas são tão confortáveis como um sofá feito em paletes de madeira, e isto sem falar na impossibilidade de serem regulados em altura, dando a impressão de estarmos a conduzir um Renault Captur… embora num carro mais bonito, claro está.
No que toca ao motor, este MiTo vem equipado com um 1.4 turbo, de quatro cilindros e 170cv de potência, o que à partida garante longas horas de diversão ao volante. Isto em teoria, pois a caixa automática TCT de dupla embraiagem, embora tenha um funcionamento impecável em condução normal, quando queremos imprimir um andamento mais agressivo, esta tem que ser utilizada em modo manual. Felizmente esse é um mal menor graças às patilhas colocadas atrás do volante. Não me posso esquecer de referir a presença do comando DNA, um comando que muito honestamente nunca deve sair do modo D (Dynamic), uma vez que os outros apenas servem para limitar o desempenho, o que nem sempre poderá representar uma melhoria nos consumos.
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha Turbo | Velocidade Máxima | 219 km/h |
Capacidade | 1368 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 7,5 s |
Potência | 170 cv (5500 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 250 Nm (2500 rpm) | Urbano (anunciado) | 8,1 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 4,8 | |
Tracção | Dianteira | Combinado (anunciada) | 6,0 |
Caixa | Automática de dupla embraiagem | Emissões CO2 | 139 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4063 / 1720 / 1446 mm | Valor base | €27 000 |
Peso | 1145 kg | Valor viatura testada | n/d |
Bagageira | 270 litros | I.U.C. | €164.51 |
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