Mercedes-AMG SLC 43 – Downsizing inteligente

Lançado originalmente em 2011, a terceira geração do roadster da Mercedes-Benz recebeu uma importante actualização estética em 2016, que a aproximou da actual linha visual da gama onde passou a estar inserido, a família Classe C, da qual também herdou a sua nova designação, ao abandonar o nome SLK para SLC.

Esta alteração foi ao encontro das alterações realizadas para aproximar as variantes SUV e Roadster das famílias principais da marca, como os Classe A, C, E e S. Poderá rever aqui (Mercedes-Benz SLC 250d – Visual renovado) o nosso primeiro ensaio ao SLC, com a surpreendente motorização 250d, que resulta num roadster que consegue manter todas as características que se exige de um modelo desta categoria, com a vantagem de garantir baixos consumos e uma autonomia surpreendente.

Mas tivemos a oportunidade de testar, recentemente, a versão topo de gama da família SLC, o SLC 43 AMG, que vem equipado com a mesma motorização que equipa modelos como o Classe C 43 Coupé e Classe E 43. Esta motorização recorre a um bloco de três litros V6 com dois turbos, que garantem uma potência 367 cavalos e 520 Nm de binário máximo, logo às 2.000 rpm. Porém, ao contrário dos restantes modelos equipados com esta motorização, o SLC 43 tem a vantagem de ser o único modelo com tracção traseira, o que lhe garante um comportamento verdadeiramente desportivo.

Para lidar com este motor, a Mercedes-Benz teve de realizar importantes melhorias no chassis, como reforçar os apoios de motor para eliminar oscilações indesejadas, e reforçar o eixo traseiro, para lidar com toda a potência gerada pelo motor. Os travões também tiveram que ser reforçados, com a introdução de discos maiores e pinças de travagem mais eficientes, tal como a suspensão, desenvolvida especificamente pela AMG. O escape desportivo, que garante uma sonoridade mais emotiva, as jantes de liga leve específicas de 18 polegadas AMG e referentes apoios aerodinâmicos nos pára-choques (e spoiler na tampa da bagageira) completam as alterações deste AMG face a um SLC tradicional.

No interior, o destaque vai para os excelentes bancos, que além de serem estranhamente confortáveis, oferecem um elevado apoio lateral e incluem o agradável sistema AirScarf, particularmente útil nestes dias de Inverno para manter a zona da nuca quente. De resto, as diferenças mais significativas vão para os materiais usados no acabamento, como os painéis em fibra de carbono na consola central ou o fosso das portas e do volante em alcantara.

Temos ainda um cronógrafo no topo do tablier, da IWC Schaffhausen, uma presença constante em modelos AMG, painel de instrumentos personalizados e menus específicos AMG, e sistema de infoentretenimento completo, não só com navegação como com suporte para sistemas Android Auto e Apple CarPlay, ao qual se complementa o agradável sistema de som premium Harman/Kardon, que nunca foi muito eficaz a anular a melodia emitida pelo sistema de escape deste modelo AMG, especialmente com a capota aberta.

Tudo isto resulta num automóvel criado especificamente para quem gosta de conduzir, não estivéssemos perante um roadster de tracção traseira com quase 370 cavalos capaz de atingir os 100 km/h em apenas 4.7 segundos, e 250 km/h de velocidade máxima, limitada electronicamente. Tudo isto num pacote significativamente mais apelativo que as anteriores versões, que recorriam a uma pesada motorização V8 que, embora sonoramente mais apaixonante, prejudicavam o comportamento dinâmico do chassis do antigo SLK.

No caso deste SLC optimizado pela AMG, esse problema já não é tão notório, embora continue a não ser perfeito em condução muito rápida em estradas com piso irregular como acontece com alguns dos seus rivais mais directos, como o Porsche 718 Boxster GTS, mas que é 20 mil euros mais caro. Porém, se estiver perante uma boa estrada com piso perfeito, este SLC 43 AMG revelou ser dos roadsters mais divertidos de conduzir. Naturalmente que a precisa direcção tem desempenha aqui um importante papel, tal como a suspensão, que nem é exageradamente rígida. Se quiser explorar melhor o chassis, só desligando totalmente o ESP, e mesmo assim terá de se esforçar para que o chassis revele os seus limites. Simplesmente impressionante.