Após duas tentativas ao longo do final da semana passada, sem sucesso devido às más condições atmosféricas, o Boeing 777X conseguiu, finalmente, realizar o seu voo inaugural. Foi às 10:09, hora local (18:09 hora de Lisboa), em Paine Field, Everett, que o Boeing 777X WH001 (777-9) levantou voo para uma viagem que demoraria três horas e 51 minutos, sobrevoando o estado de Washington, tendo aterrado posteriormente em Boeing Fields, a sul da cidade de Seattle.
A aeronave foi pilotada pelo Capitão Van Chaney, Chief Pilot do programa 777/777X de Test & Evaluation, e tinha como co-piloto o Capitão Craig Bomben, que além de Chief Pilot na Boeing, é Vice-Presidente of Flight Operations. Ambos planearam antecipadamente o voo que iriam realizar, de forma a poderem explorar as capacidades da estrutura e de todos os sistemas da aeronave durante o voo, sendo todos os dados recolhidos em tempo real, monitorizados pela equipa de testes, que ficou em Seattle.
Este foi o primeiro de quatro voos que serão realizados nos próximos dias, que em conjunto com os inúmeros testes exaustivos que serão realizados em terra, tornarão possível garantir a segurança e fiabilidade da aeronave. Estes testes são igualmente fundamentais para que a FAA (Federal Aviation Administration) possa certificar a aeronave como apta para voar e iniciar a sua carreira comercial, situação particularmente complexa depois do sucedido com o Boeing 737-Max, que está à mais de um ano impedido de voar (Boeing 737 Max 8 com segundo acidente fatal, está a causar pânico global)
O novo Boeing 777X destaca-se por utilizar a arquitectura do popular Boeing 777, associado a tecnologias utilizadas no Boeing 787 Dreamliner, como a utilização de materiais compósitos, janelas maiores e superior isolamento térmico e acústico, para garantir um conforto superior para todos os passageiros e tripulação. Incluirá aquela que será a primeira asa com extremidade dobrável, permitindo assim que as mesmas sejam recolhidas após a aterragem, garantindo a sua compatibilidade nos aeroportos certificados para operar com os actuais modelos Boeing 777 em circulação.
Comercializado em duas variantes, a 777-8 e 777-9 com comprimentos distintos, estas diferenciam-se pelo número de passageiros e pelo alcance suportado, com o primeiro modelo a garantir até 384 passageiros (numa configuração de duas classes) e um alcance máximo de 8.730 milhas náuticas (16.170 km), e o 777-9 a suportar entre 349 a 426 passageiros (numa configuração de três e duas classes, respectivamente), e um alcance máximo de 7.285 milhas náuticas (13.500 km). O comprimento máximo de 76.7 metros, na versão 777-9, torna-o na maior aeronave produzida pela Boeing, superando o comprimento do histórico Boeing 747-8.
O novo Boeing 777X será, não só o maior avião bimotor do mercado, como o mais eficiente, já que a Boeing afirma que a utilização dos reactores General Electrics GE9X de última geração irão garantir uma poupança de 10%, não só no consumo de combustível como nos custos operacionais, face ao seu rival directo, o Airbus A350. Se tudo correr com sucesso, a Lufthansa será a primeira companhia a receber o Boeing 777-9, voltando assim a ser o cliente inicial de uma aeronave Boeing, como aconteceu no passado com o 737-100 e o 747-8.
Até ao momento, a Boeing conta com 309 encomendas para o novo 777X, 20 das quais para a Lufthansa (com opção de 14 adicionais), 20 para a Singapore Airlines, 20 para a All Nippon Airways, 21 para a Cathay Pacific, 25 para a Etihad, 18 para a British Airways (com opção para 24 adicionais), Qatar Airways com 60, e a Emirates com 115 aeronaves encomendadas, valor esse inferior ao da encomenda inicial de 150 aeronaves, mas que foram sendo ajustadas para Boeing 787-9, devido à necessidade de adaptação da actual frota de Boeing 777-200LR e 777-300ER por aeronaves mais eficientes. Existem ainda 10 encomendas registadas, mas a Boeing não revela quem são os clientes das mesmas.