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Slate: esta pick-up norte americana low cost parece um brinquedo e custa menos de vinte mil euros

Não tem ecrã táctil, rádio e, nem mesmo, pintura – mas a atitude parece estar lá. A nova proposta da startup Slate Auto (dos EUA) é uma pick-up eléctrica ultraminimalista, à moda antiga, que promete agitar o mercado norte-americano

Num mercado automóvel cada vez mais marcado por modelos de preços elevados e complexidade tecnológica, ainda há modelos que fogem ao status quo. Exemplo disso são os mais recentes Citroën C3, cujo modelo de entrada de gama (com motor a combustão) nem sequer traz sistema de infoentretenimento.

Tal como o novo utilitário da marca francesa, a Slate Truck parece ser uma espécie de “OVNI”, no mercado actual. Contudo, esta pick-up vai ainda mais longe que o C3, uma vez que abdica de quase tudo o que associamos hoje a um automóvel actual, inclusive a este Citroën.

Com um aspecto inspirado num tubarão cinzento, marcado por cicatrizes (um símbolo de «robustez e autenticidade», diz a Slate), este modelo tem uma carroçaria feita de plástico moldado por injecção sem pintura: «Parece um tubarão que já esteve em mais que uma luta e saiu por cima», explica Tisha Johnson, directora de design da Slate, que já passou pela Volvo.

©Slate
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Esta filosofia minimalista (que Tisha Johnson parece ter pedido emprestada à marca sueca) estende-se ao interior, com tecidos desenhados que, segundo a Slate, vão «ganhar carácter com o tempo»; aqui, não temos «materiais delicados» nem vai ser preciso haver «preocupações com manchas ou riscos»..

A aparência crua tem uma justificação: a pick-up foi criada com a personalização em mente. Por exemplo, pode ser revestida com películas de vinil vendidas pela própria marca em kits DIY – aliás, a Slate incentiva uma cultura de «modificação leve», ou seja, uma espécie de “tuning light”.

Com uma autonomia de cerca de 240 quilómetros, dois lugares e apenas o essencial a bordo, a Slate Truck não tem ecrã táctil, sistema de som ou rádio. A ideia é que o condutor leve o seu telemóvel e uma coluna portátil, caso queira ouvir música (como acontece no Ami ou no C3).

Além de uma espécie de manifesto do minimalismo, a marca consegue reduzir os custos de produção: o modelo base, sem acessórios e detalhes cosméticos opcionais tem um preço abaixo dos vinte mil dólares. Se estivéssemos a fazer uma conversão directa para a nossa moeda, é provável que a Slate Truck ficasse nos 15 mil euros.

©Slate
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Por esta altura já deve ter percebido que esta pick-up não quer competir com os modelos eléctricos de topo, como a Cybertruck ou a Ford F-150 Lightning. Em vez disso, posiciona-se como uma solução prática, acessível e adaptável, um «veículo para trabalhadores independentes, pequenas empresas, ou até entusiastas do DIY — todos aqueles que querem mobilidade eléctrica, mas não precisam de luxo nem de extravagância», explica a Slate.

No fundo, podemos interpretar este lançamento como uma homenagem aos primeiros utilitários europeus do pós-Segunda Guerra Mundial: simples, eficazes e prontos para tudo. Num mundo automóvel saturado de tecnologia e sofisticação, a proposta da Slate pode parecer “rude”, mas talvez seja precisamente isto que a torna uma lufada de ar fresco.

Neste momento, a marca está a aceitar pré-reservas, que se traduzem apenas num lugar na fila de espera para configurar e encomendar uma Slate Truck; os primeiros modelos comerciais começam a ser produzidos em 2026.

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