Esta não é a primeira vez que a Jaguar aposta no mercado dos familiares médios, tendo a última aposta da marca, o Jaguar X-Type, sido uma espécie de “erro de casting”, ao terem aproveitado a plataforma (e bastante mais componentes) do Ford Mondeo. O resultado foi um modelo não muito atraente e com muito pouca opção de escolha, visto que durante o lançamento apenas estava disponível uma motorização de seis cilindros a gasolina associada a uma tracção às quatro rodas.
Estas opções limitadas fizeram com que as suas vendas ficassem a meio das espectativas, ao contrário dos seus rivais, que desfrutavam de boas motorizações de quatro e seis cilindros, a gasolina e diesel, com tracção a duas e quatro rodas. Felizmente o regresso da Jaguar a este segmento levou-a a preparar-se muito melhor, e a lançar um produto que tem os argumentos fundamentais para rivalizar com os rivais germânicos.
Apresento-vos o Jaguar XE. Recorrendo a uma plataforma modular totalmente nova (plataforma iQ) que será aplicada em futuros modelos da marca, como o SUV F-Pace, esta destaca-se pela utilização de um sistema de suspensão composto por duplo braço sobrepostos à frente e uma solução multi-link atrás, designada por Integral Link.
Esta solução, mesmo usando amortecedores mecânicos tradicionais, como foi o caso deste modelo do parque de imprensa, revelou um comportamento excepcional, tanto em termos de conforto como de dinâmica, algo que ainda deverá ser melhor se optar pela suspensão adaptativa. Tal como a suspensão, o Jaguar XE estreia (juntamente com o F-Type com tracção às quatro rodas) uma nova direcção de actuação eléctrica, que apesar de em teoria oferecer um feedback algo artificial, esta revelou ser uma das mais comunicativas do mercado.
Esta plataforma tem ainda a vantagem de recorrer a materiais mais leves, como alumínio, permitindo assim à Jaguar jogar com a colocação de elementos como a bateria, que está colocada na bagageira, permitindo assim uma distribuição de peso de 50:50 sobre os eixos. Naturalmente que o uso do alumínio permitiu reduzir significativamente o peso no XE, uma solução fundamental para garantir um melhor comportamento, melhor desempenho e maior eficácia em termos de consumos e emissões.
Visualmente o XE mantém todos os elementos que seriam de esperar encontrar num Jaguar moderno, como a impressionante frente, com a enorme grelha com o logótipo da Jaguar, que, como decerto imaginará, oferece um visual e uma imagem mais imponente e exclusiva do que os “tradicionais” Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C que dominam este segmento de mercado. Ou seja, se deseja exclusividade e classe neste segmento, o XE é a solução ideal.
No interior essa exclusividade já não é tão visível. Não estou com isto a dizer que o interior é pouco atraente, bem pelo contrário, simplesmente que o visual exterior foi tido como prioridade, o que acaba por prejudicar alguns detalhes no interior, como o acesso aos lugares traseiros, onde será garantida uma cabeçada a qualquer pessoa com uma estatura média e alta que queira aceder aos lugares traseiros.
Deixando esse defeito (ou feitio) de lado, o resto do interior é extremamente atraente, com tudo muito bem organizado, e com recurso a materiais agradáveis ao toque em todo o lado. Destaque para a introdução de elementos chave do grupo, como a aplicação do comando rotativo da transmissão, que sobe quando damos à ignição, ou à colocação do sistema de infoentretenimento bem ao centro, sendo este simples e intutivo de usar, embora algo limitado face à oferta dos rivais.
Esta versão vinha equipada com o sistema InControl Apps, que permite ligar um Smartphone através de um cabo USB e aceder, no ecrã de oito polegadas do sistema, a aplicações instaladas no seu Smartphone. Estas, infelizmente, ainda são poucas, mas é uma solução que permitirá, no futuro, usufruir de funcionalidades que não estão disponíveis de série, como serviço de trânsito em tempo real com a navegação.
Falta apenas falarmos no ponto fulcral que levará a Jaguar ao sucesso (tem tudo para o ser), as novas motorizações de dois litros e quatro cilindros Ingenium. Esta versão em particular vinha equipada com o 2.0d Ingenium com 180cv, que associado à transmissão automática de oito velocidades, revelou uma disponibilidade impressionante, ao nível dos seus rivais. Apesar de usar uma caixa automática, esta poderá usar um modo desportivo ou um modo manual, no qual poderá usar as patilhas colocadas no volante.
Juntamente com estas opções, logo abaixo do comando rotativo da transmissão, encontrará o sistema de controlo de modos de condução, composto pelo moto de Gelo, Eco, Normal e Dinâmico, sendo neste último modo que conseguirá tirar total partido do brilhante conjunto chassis/motor deste Jaguar. O único ponto em que esta motorização não me conseguiu convencer foi nos consumos, com a marca a anunciar 4,2 litros por cada 100km, valor esse impossível de atingir, tendo o meu melhor registo sito 5,5 litros, conduzindo em estradas vazias e sempre a cumprir os limites de velocidade.
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Quatro cilindros em linha | Velocidade Máxima | 225 km/h |
Capacidade | 1990 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 7,8s |
Potência | 180cv (4000 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 430Nm (1750 rpm) | Urbano (anunciado) | 5,1 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 3,7 | |
Tracção | Traseira | Combinado (anunciada) | 4,2 |
Caixa | Automática de oito velocidades | Emissões CO2 | 111 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 4672 / 1850 / 1416 mm | Valor base | €47.367 |
Peso | 1565 kg | Valor viatura testada | €56.139 |
Bagageira | 455 litros | I.U.C. | €217.35 |
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