A primeira geração do Smart ForFour, que como o nome indica foi criado para transportar quatro pessoas em vez de duas, como no ForTwo, foi, muito honestamente, um fracasso. Baseado no Mitsubishi Colt e produzido na Eslovénia, este modelo só foi produzido durante dois anos (2004 a 2006), tendo o seu resultado comercial ficado a anos-luz do seu irmão mais pequeno ForTwo.
Para evitar repetir o mesmo erro, desta vez a Daimler decidiu recorrer à forte parceria que tem com o grupo Renault (da qual partilha plataformas, motorizações e outras soluções técnicas) para a criação da nova geração Smart.
O resultado foram os novos ForTwo e ForFour, tendo este último a particularidade de ser, essencialmente, um Renault Twingo (com o qual partilha 70% dos seus componentes), embora existam diferenças significativas, tanto na estética como nas tecnologias e no habitáculo.
Fabricado na unidade de Novo Mesto, na Eslovénia (fábrica pertencente à Renault), o novo ForFour é reconhecidamente um Smart, uma vez que partilha elementos que fazem parte do ADN da marca, como a célula de segurança Tridion, que como acontece com o ForTwo, pode ser personalizada, garantindo assim uma infindável combinação de cores, juntamente com a grelha frontal e os painéis laterais.
Existem pormenores marcadamente Smart, como a entrada de ar do motor colocada no lado esquerdo, os faróis com luzes diurnas LED, e uma estrutura hexagonal colocada em diversos locais, como dentro das ópticas e nas grelhas frontais (superior e inferior). Essa estrutura está igualmente presente no interior, como nas grelhas das colunas das portas, dando assim continuidade ao desenho geral deste ForFour. Se por fora as semelhanças com o Twingo são poucas, no interior essas semelhanças são ainda menos notórias, embora existam elementos que são claramente de origem Renault, como a pega da alavanca de velocidades, os botões de tranca e luzes de emergência, os puxadores das portas, o comando dos espelhos, entre muitos outros.
Porém, estes detalhes não chegam para manchar um interior que é, na sua essência, mais apelativo que o do Twingo, graças à aplicação de uma superfície em tecido sobre a zona superior do tablier, dando-lhe um aspecto mais… premium.
Continuam a persistir alguns elementos irritantes típicos da família Smart, como a impossibilidade de regulação da profundidade do volante, mas existem outros ainda piores que poderiam ter sido evitados (e o são no caso do Twingo) como a insignificante capacidade do porta luvas, os poucos espaços para arrumação no interior e os lugares traseiros.
Face aos lugares dianteiros, que são bastante confortáveis, os lugares traseiros são um castigo para qualquer adulto que tiver que realizar uma viagem, devido à posição demasiado baixa, e naturalmente, à sua elevada rigidez.
A culpa deste desconforto deve-se ao sistema ReadySpace, que é a resposta da Smart ao elevado espaço de arrumação por debaixo dos bancos traseiros, permitindo neste caso a criação de um inovador sistema basculante na base dos bancos, baixando os mesmos de forma a permitir o transporte de objectos mais volumosos e altos neste espaço.
Resta referir que o interior deste Smart ForFour é extremamente acolhedor durante a noite, graças às diversas luzes LED colocadas em locais estratégicos, bem como pelo facto dos materiais usados, o excelente volante multifunções em pele e pelo aspecto agradável não só do autorádio (que permite ligação USB, Aux e Bluetooth, fundamental para tirar partido da minha conta do Spotify para ouvir as minhas playlists) como do próprio sistema de ar condicionado automático, que inclui uma pequena lupa para evidenciar a temperatura escolhida. Original no mínimo.
Resta-me falar na motorização, uma novidade nesta geração do Smart ForFour, mas que vai ao encontro, novamente, do ADN da marca. Trata-se de um motor, de origem Renault, colocado sobre o eixo traseiro, e associado a uma caixa manual de cinco velocidades. Este modelo em concreto utilizou a versão atmosférica de 71cv, mais do que suficiente para não envergonhar o ForFour, sendo responsável por consumos bastante contidos quando não se abusa do acelerador, podendo marcar médias abaixo dos 6,0 litros dentro da cidade. Recordo que a colocação do motor no eixo traseiro reduziu significativamente a bagageira, tendo esta uma capacidade de apenas 185 litros, inferior até à oferecida pelo “mais pequeno” ForTwo, com 260 litros.
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Motor | Prestações | ||
Tipo | Três cilindros em linha | Velocidade Máxima | 151 km/h |
Capacidade | 999 cc | Aceleração (0-100 km/h) | 15,9 s |
Potência | 71 cv (6000 rpm) | Consumos (litros/100 km) | |
Binário | 91 Nm (2850 rpm) | Urbano (anunciado) | 4,8 |
Transmissão | Extra-urbano (anunciado) | 3,8 | |
Tracção | Traseira | Combinado (anunciada) | 4,2 |
Caixa | Manual de cinco velocidades | Emissões CO2 | 97 g/km |
Chassis | Preço | ||
Dimensões (Comp. / Larg. / Alt.) | 3495 / 1665 / 1554 mm | Valor base | €13 750 |
Peso | 975 kg | Valor viatura testada | €16 665 |
Bagageira | 185 – 975 litros | I.U.C. | €95.34 |
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