Durante uma conferência que decorreu em Dublin, entre os maiores operadores de aeronaves, a AirFinance Journal, Domhnal Slattery, CEO da Avolon (segundo maior operador mundial de aeronaves), afirmou que a Boeing perdeu o rumo, e que está na altura de substituírem a sua liderança para poderem recuperar.
“Creio que é seguro afirmar que a Boeing perdeu o seu rumo“, afirmou Slattery durante a conferência, reforçando esta afirmação ao indicar que “a Boeing tem que alterar radicalmente a sua estratégia, para poder fundamental mudar a sua posição no mercado“, finalizando com “talvez uma nova visão possa ser encontrada com uma nova liderança.”
A explicação para esta afirmação prende-se com a actual situação da Boeing, que está em péssimos lençóis, com as suas acções em queda no último ano e meio, e com prejuízos que não param de aumentar. Para recuperarem desta situação, a Boeing precisa urgentemente de retomar a produção das aeronaves Boeing 787 Dreamliner, bem como avançar o desenvolvimento do projecto do Boeing 777X, e da variante 10 do Boeing 737 MAX.
No primeiro caso está em causa a paragem imposta pelo regulador norte-americano FAA (Federal Aviation Administration), que identificou falhas nos processos de inspecção de produção e de reparações dos Boeing 787 Dreamlines, rertirando assim a capacidade da Boeing de emitir certificados de aeronavegabilidade, como forma de evitar problemas como os que ocorreram no passado com o Boeing 737 Max.
Já a produção do Boeing 777X, esta também está parada devido a falhas na certificação das novas aeronaves, tanto nas novas variantes 777-8 como 777-9, o que resultou num atraso da entrega das primeiras aeronaves só para 2025, o que levou Tim Clark, CEO da Emirates e maior cliente deste novo modelo a criticar a Boeing.
Curiosamente a Boeing tem reagido bem a esta situação, tendo anunciado que embora as certificações para transporte de passageiros dos novos 777X estejam paradas, isso não significa que não possam desenvolver uma variante de carga, tendo a Boeing já recebido confirmações de encomendas pela Qatar Airways.
Em contrapartida, a rival Airbus está a viver um dos seus melhores períodos, tendo revelado durante o anúncio de resultados do primeiro trimestre do ano, que iria aumentar em 50% a produção de aeronaves com um só corredor (modelos das séries A200 e A300), para um total de 75 aeronaves produzidas por mês até 2025.
Esta situação levanta questões importantes em termos de quota de mercado, pois ninguém deseja um mercado desequilibrado, que levaria a um monopólio e, como consequência, a preços menos competitivos. Dave Calhoun, CEO da Boeing, reafirmou aos seus accionistas que a Boeing está fazer todos os possíveis para resolver os problemas da nova aeronave militar T-7, com os novos Air Force One, e que acredita que os problemas de certificação dos 787 Dreamliner e 737 Max sejam resolvidos brevemente.