O navio de transporte de veículos Felicity Ace, que se incendiou ao largo dos Açores no passado dia 14 de Fevereiro a 90 milhas náuticas (cerca de 170 km) a sudoeste da ilha do Faial, acabou por afundar durante o processo de reboque, que tinha iniciado no dia 24 de Fevereiro. Segundo informações dadas pela Marinha Portuguesa, este acabou por perder estabilidade, tendo vindo a afundar-se a cerca de 25 milhas náuticas fora do limite da Zona Económica Exclusiva de Portugal, num local cuja profundidade ronda os três mil metros.
Construído em 2005, o navio com bandeira do Panamá, que pertencia à MOL Ship Management, do grupo japonês Mitsui OSK Lines, vinha do porto de Emden, na Alemanha, e tinha como destino o porto de Davisville, perto de Providence (e Boston), nos Estados Unidos da América. A bordo encontrava-se uma carga composta por 3965 veículos do Grupo Volkswagen.
Embora ainda não tenha sido revelado a público o manifesto da carga, segundo a Automotive News Reporting, a carga incluía aproximadamente 1900 veículos da Audi, 1100 veículos da Porsche, 500 da Volkswagen, 189 modelos da Bentley e 85 Lamborghini, muitos deles edições limitadas e finais, como é o caso dos Lamborghini Huracán STO e Aventador V12, tendo a fábrica anunciado que iria reactivar a linha de produção para reconstruir os modelos afundados.
Segundo os analistas do grupo Russell, esta deverá ter um custo de 155 milhões de dólares (139 milhões de euros) para o Grupo Volkswagen, sendo o resto suportado pelas seguradoras. Ao todo, a carga presente no Felicity Ace ascendia aos 438 milhões de dólares (395 milhões de euros), dos quais 401 milhões de dólares (362 milhões de euros) correspondiam às viaturas transportadas.
O incêndio, que teve início do passado dia 14 de Feveiro, ainda não tem a sua origem atribuída, embora se especule que esteja relacionado com o incêndio de alguma bateria (de iões de lítio) de um dos muitos veículos eléctricos transportados. Devido à sua intensidade, os 22 tripulantes foram imediatamente resgatados, numa operação coordenada pela Marinha Portuguesa e a Força Aérea Portuguesa, com o navio patrulha oceânico NRP Setúbal e o helicóptero EH-101 Merlin a serem fundamentais para o seu salvamento.
O incêndio só foi extinto passados vários dias, graças à constante acção de rebocadores, que por sua vez foram igualmente fundamentais para o processo de reboque para águas seguras próximo do porto da Horta, nos Açores. A equipa de resgate, que teve acesso ao navio através de helicóptero, na altura considerou o navio estável, não tendo identificado sinais de fugas de óleo ou combustível.
Durante o processo, ao qual estiveram presentes quatro rebocadores (Bear, Dian Kingdom, ALP Guard e VB Hispania) contratados pela empresa holandesa SMIT Salvage, o navio acabou por adernar, ou seja, inclinar para um dos seus bordos, o que acabaria por levar ao seu afundamento. A Marinha Portuguesa encontra-se no local para monitorizar a mancha de resíduos oleosos provocados pelo afundamento do navio, estando presente o NRP Setúbal, com dois drones e respectiva equipa de operação.
A Direcção de Combate à Poluição do Mar, da Autoridade Marítima Nacional, e a Agência Europeia da Segurança Marítima, estão igualmente a monitorizar a situação, através da captação diária de duas imagens de satélite da zona, tendo a Força Aérea Portuguesa empenhado uma aeronave C-295 para monitorizar a evolução da mancha.