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Renault Mégane R.S. EDC – Pura diversão

Embora não seja a versão Trophy-R, aquela que bateu o recorde de volta mais rápida em Nurburgring em Abril passado, na categoria de veículos de tracção dianteira, o Renault Mégane R.S. não deixa de ser um veículo impressionante, não só para quem o conduz como para quem tem o privilégio de partilhar a estrada. Pelo menos foi essa a impressão com que fiquei durante o período de ensaio, a de ter estado constantemente a ser observado, mas no bom sentido, ao contrário do que acontece quando ando com um veículo de uma marca premium, como um Porsche ou Ferrari.

Talvez este sentimento de admiração, em vez do habitual sentimento de inveja seja explicado pelo facto de se tratar de uma versão desportiva, e com provas dadas, de um modelo que, nas suas versões “tradicionais” (como motorizações diesel) pode ser adquirido por qualquer um de nós. Quem compra um Mégane R.S. sabe bem o que quer, e o potencial que este modelo tem. Para quem não ainda não sabe, recomendo a marcação de um ensaio no concessionário Renault mais próximo de si, para compreender o que se passa.

Até lá, só me resta tentar explicar o que tem este modelo tão de especial. Para começar estou a falar no chassis do tradicional Renault Mégane que foi optimizado pela Renault Sport (daí a sigla R.S.), mas sem precisar de recorrer ao chassis Cup, habitualmente mais ágil em pista, mas mais desconfortável, algo que deverá ter em conta, especialmente se pretende utilizar este veículo no dia-a-dia em estradas e ruas como as de Lisboa e arredores, com buracos, empedrado e outras irregularidades no piso.

Este chassis conta com a presença do eficaz sistema 4Control de quatro rodas direcionais, que altera o seu modo de actuação tendo em conta o modo de condução utilizado, ou seja, em praticamente todos os modos de condução, o sistema 4Control vira as rodas traseiras na direcção das rodas dianteiras até aos 60 km/h, passando essa limitação a subir para os 100 km/h quando utilizado o modo Race, facilitando assim o piloto… condutor, perdão, a manter a aderência da dianteira em curvas mais apertadas e a velocidades (anteriormente) proibitivas. Porém, convém ter em conta que quando usado o modo Race, o ESP desliga-se, e aí ficará dependente apenas de si e das suas capacidades, algo que, embora em pista seja o ideal, em estrada, com todos os imprevistos que podem ocorrer, poderá não ser a melhor decisão.

Claro que para chegar a estes extremos é fundamental contarmos com os préstimos de um excelente motor, algo que, felizmente, está incluído neste Mégane. Ao contrário das anteriores versões, a Renault prescindiu do popular motor 2.0 Turbo, passando a usar o novo 1.8 Turbo MP5PT de 280 cavalos, criado igualmente para equipar o brilhante Alpine A110. Este motor, para além de ser bem mais leve que o anterior 2.0 Turbo, permitiu reduzir os consumos em 8%, e nas emissões de CO2 em 11%. Infelizmente também perdeu sonoridade, sendo fundamental a utilização de um escape desportivo, como o utilizado pela versão R.S. Throphy, para voltar a ouvir aqueles ráteres (e outros ruídos), que deixaram de estar (tão) presentes neste Mégane R.S. “tradicional”.

 

De resto, esta versão R.S. diferencia-se visualmente pelas aplicações aerodinâmicas, como os painéis laterais que alargam os guarda-lamas 60 mm à frente e 45 mm atrás, pela redução da distância ao solo em 5 mm, e pelos pára-choques desportivos, com amplas entradas de ar e lâmina F1 à frente e difusor traseiro mais eficaz com saída de escape colocada numa posição central. Também a grelha tem um novo acabamento específico com padrão 3D em formato ninho de abelha, e o sistema de iluminação R.S. Vision, estreado pelo Clio R.S., que integra as luzes de nevoeiro e de curva, bem como ajuda na iluminação das luzes de médios e máximos.

Disponível apenas em cinco portas, tal como o Mégane “tradicional”, no interior destacam-se os bancos desportivos, com enormes apoios laterais, o volante desportivo, pedais com capas em alumínio e pouco mais. Existem um acabamento nas forras das portas com padrão a simular fibra de carbono, e pouco mais a diferenciar este modelo dos restantes. Felizmente continuamos a contar com a presença do popular sistema R.S. Monitor, que permite indicar, em tempo real, os dados de um total de 40 sensores, como aceleração, travagem, ângulo da direcção, funcionamento do sistema 4Control, temperaturas, pressões e muitos outros.

É o Mégane R.S. o automóvel perfeito? Não, longe disso, até porque não é um automóvel propriamente confortável para o dia-a-dia, nem é particularmente poupado. Mas é extremamente eficaz, tanto em estrada como em pista, garantindo sempre uma enorme diversão quando tiver a oportunidade de o conduzir. E tem ainda a vantagem de ser significativamente mais acessível que os seus principais rivais, o Honda Civic Type-R, Seat Leon Cupra e Volkswagen Golf GTI.

Ficha Técnica

MotorPrestações
TipoQuatro cilindros em linha TurboVelocidade Máxima250 km/h
Capacidade1798 ccAceleração (0-100 km/h)5,8 s
Potência280 cv (6000 rpm)Consumos (litros/100 km)
Binário390Nm (2400 rpm)Cidade (anunciado)
TransmissãoEstrada (anunciado)
TracçãoDianteiraMédia (anunciada)8,3
CaixaAutomática de seis velocidadesEmissões Co2187g/km
ChassisPreço
Dimensões (Comp. / Alt. / Larg.)4364 / 1435 / 1875 mmValor base€37 900
Peso1430 KgValor viatura testada€42 350
Bagageira402 litrosI.U.C.€238.66

Notas Finais

Design8
Interior8
Desempenho9
Consumos6
Equipamento7.5
Preço8

Gostámos

  • Visual
  • Desempenho
  • Comportamento em curva

A rever

  • Consumos
  • Sonoridade

Conclusão

7.8Embora não seja já o modelo mais radical da gama, este Mégane R.S. tem tudo aquilo que procura num familiares compactos desportivo, tendo ainda como principal vantagem o excelente comportamento e o preço significativamente inferior ao dos seus principais rivais.