A vida do gigante dos céus da Airbus tem sido algo atribulada, especialmente desde que o ano de 2019 se iniciou, com o anuncio do cancelamento de encomendas por parte do seu principal cliente, a Emirates, em Fevereiro passado, levando a que a Airbus anunciasse o fim da produção desta majestosa aeronave, assim que a produção das restantes unidades encomendadas derem como terminadas.
Como se isto não bastasse, outras companhias aéreas, com frotas de A380 em funcionamento, anunciaram a sua intenção de deixar de usar estas aeronaves, em detrimento de novos modelos de dois motores, mais eficientes, como o Airbus A350 e Boeing 787 e 777X. Inicialmente foi a Lufthansa, que opera actualmente 14 aeronaves, que anunciou que iria devolver seis à Airbus, como contrapartida para uma encomenda de 20 A350 novos, tendo esta manobra sido seguida pela Air France, que irá assim devolver as 10 aeronaves que dispõe como contrapartida para um negócio de 60 Airbus A220, que irão substituir os actuais A318 e A319.
Posteriormente foi a vez da Qantas anunciar que iria reformar toda a frota de A380 a partir de 2029, bem como a Qatar Airways com as suas 10 aeronaves (a última entregue em 2018), já a partir de 2024. Também a Emirates anunciou a intenção de reformar a sua gigantesca frota de A380, embora esta vá acabar por decorrer de forma faseada, e só durante a década de 30. Contudo, embora estes anúncios indiquem um fim trágico para uma aeronave mágica, isso não significa que esta tenha deixado de ter interesse para os planos actuais destas operadoras. Pelo menos não é isso que a Qantas irá demonstrar já no início do próximo mês.
Anunciado em 2017, entrará já em circulação, a 1 de Setembro, o primeiro Airbus A380 da Qantas devidamente renovado, revelando uma cabine mais moderna, mais luxuosa e, por estranho que pareça, com maior capacidade de ocupantes, embora tenha perdido 30 lugares na classe económica, baixando dos actuais 371 para 341 lugares. O segredo está na nova configuração, que permitiu manter os 14 lugares de primeira classe, reforçar a classe executiva com mais 16 novos lugares para um total de 70, bem como a classe Premium Economy, que quase duplica, dos anteriores 35 para 60 lugares. Ao todo, o renovado A380 consegue transportar 485 passageiros, em vez dos anteriores 484.
Na primeira classe, as principais novidades estão relacionadas com os ecrãs do sistema de infoentretenimento, de maiores dimensões, novos bancos com acabamento superior, bem como os colchões quando utilizado em modo de cama e menu de almofadas mais confortável e com maior variedade. Estas 14 cabines individuais continuam a estar localizadas no andar inferior, na parte frontal da aeronave, a mais silenciosa, visto a mesma localização no deck superior estar reservada para um lounge para que os passageiros de primeira classe e executiva possam descansar ou tomar refeições.
Ainda no piso inferior, este passará a alojar toda a classe económica, com um total de 341 lugares, numa configuração de 3-4-3 lugares. Estes passam a usar novos acabamentos, e um sistema de infoentretenimento actualizado, com um ecrã de maiores dimensões. Já no piso superior encontrará a cabine para os 70 lugares da Classe Executiva, bem como os 60 da classe Premium Economy. Estes últimos utilizam uma configuração de 2-3-2, com lugares significativamente mais espaçosos que os da classe económica tradicional, bem como a um sistema de infoentretenimento actualizado, com ecrãs de maior dimensão.
Já a classe executiva recebe as novas cabines que garantem maior privacidade e acesso directo aos corredores, numa configuração de 1-2-1 lugares. Estas cabines mantêm a possibilidade do lugar deitar-se totalmente, criando assim uma confortável cama para os voos de longo curso, maior número de locais de arrumação de objectos e novo sistema de infoentretenimento, com ecrã de 16 polegadas. Estas alterações permitirão assim oferecer um maior número de lugares a classes mais caras, garantindo assim maior rentabilidade por voo, uma solução que tem vindo a ser adoptada pelas principais companhias aéreas que realizam voos de longa duração. Poderá ser esta a solução que permitirá garantir que o Airbus A380 ainda possa voar nos nossos céus por mais de uma década? Só o tempo dirá.
